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Gislaine decidiu levar o tema sexualidade para a sala de aula

Com alunos transgênero sofrendo com o preconceito, professora paranaense resolveu bater de frente com os que preferem ignorar assuntos relacionados a sexo

Por Marina Rappa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 out 2017, 16h33 - Publicado em 12 out 2017, 22h14
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    As questões de gênero e sexualidade estão cada vez mais presentes no país, sendo abordadas em todas as suas facetas – inclusive a do preconceito. O combate ao problema social se alastra nas redes sociais e em conversas dos jovens; natural, portanto, que bata na porta das salas de aula. Quem soube receber  o assunto de braços abertos foi Gislaine Carla Waltrik, professora de geografia no ensino médio do Colégio Astolpho Macedo Souza, em União da Vitória (PR), divisa entre Paraná e Santa Catarina.

    A percepção aguçada possibilitou que a educadora identificasse que assuntos referentes ao sexo surgiam com mais frequência no ambiente escolar, mas não eram abordados devidamente. Com cada vez mais alunos transgênero sofrendo por causa do preconceito, Gislaine resolveu bater de frente com os que acreditam que quanto menos se fala sobre um assunto, melhor: perguntou aos alunos (e aos pais) se gostariam de aprender sobre sexualidade. E a resposta, para sua surpresa, foi a mais positiva possível.

    Educador Nota 10 – Gislaine Carla Waltrik

     

    A partir disso, ela começou a discutir com os alunos o que era sexualidade e como ela se apresentava no ambiente escolar. “Eles mapearam a escola e pedi que observassem se as questões de gênero criavam barreiras geográficas e segregavam essas pessoas. Descobrimos que sim”, afirma. Tomando por base a noção de que o próprio corpo é um espaço, os estudantes do 2º ano do ensino médio passaram a discutir conceitos como controle de natalidade e pirâmides etárias, os direitos sexuais e reprodutivos de cada ser humano e a violência sexual.

    Em cada oficina, os adolescentes foram capazes de criar textos, poemas e desenhos que libertassem suas percepções sobre cada tema. Em um relato forte, uma das alunas fez uma redação em que narra um abuso sofrido quando ainda era criança – uma marca que, segundo ela, nunca vai se apagar. “As meninas que falaram sobre abuso se sentiam muito mais fortes para expor o que pensavam, elas queriam participar, fazer uma denúncia”, diz a professora.

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    A aproximação com os estudantes revelou a Gislaine muitas histórias sobre os jovens que frequentavam as carteiras de sua sala. Quando deu uma aula sobre dados demográficos, entregou quatro bonecos de papel a cada um dos alunos para que montassem a sua família. “Eles acabaram elaborando famílias com dezesseis integrantes, ou famílias homoafetivas. Isso muda completamente a abordagem que devemos ter na sala de aula. Isso provou que essa era a maneira certa de tratar o conteúdo”, conta.

    Após trinta anos lecionando, Gislaine afirma, no entanto, que chegou a pensar em desistir de falar sobre sexualidade quando percebeu a dificuldade de enfrentar a discriminação. “Foi muito difícil. Agora que o projeto correu para a escola inteira, os alunos que sofriam preconceito se sentem mais livres para falar, mas a agressão ainda existe dentro da escola”, afirma. “ Eu me sinto muito agradecida pelo retorno dos estudantes e por vê-los mais fortes. Ao mesmo tempo, tenho medo do momento político que estamos vivendo. Vemos professores sendo afastados por pessoas com discursos conservadores que não querem discutir a diversidade”, diz a professora.

    Gislaine Carla Waltrik

    Em uma conversa com a mãe de um de seus alunos, Gislaine percebeu que esse era o muro que deveria derrubar em nome da educação de seus estudantes: a intolerância. “As pessoas começam a vida sexual sem informação, sendo que têm direito a isso – e este também é um dos papéis da escola.”

    Com a iniciativa, Gislaine conquistou um lugar entre os dez melhores professores do ano pelo Prêmio Educador Nota 10, promovido pelas fundações Victor Civita e Roberto Marinho. Ela também tem a chance de ser eleita Educador do Ano na cerimônia que acontece no dia 30, em São Paulo.

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    Conheça os dez indicados

    Adriane Gallo, finalista do prêmio Educador nota 10
    Adriane Gallo Alcântara da Silva
    Assis – SP

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    Educador Nota 10 – Denise Rodrigues de Oliveira
    Denise Rodrigues de Oliveira
    Novo Hamburgo – RS

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    Educador Nota 10 – Di Gianne de Oliveira Nunes
    Di Gianne de Oliveira Nunes
    Lagoa da Prata – MG

    Diogo Fernando dos Santos, finalista do Prêmio Educador Nota 10
    Diogo Fernando dos Santos
    Pindamonhangaba – SP

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    Gislaine Carla Waltrik
    Gislaine Carla Waltrik
    União da Vitória – PR

    Educador Nota 10 – Luana Viegas de Pinho
    Luana Viegas de Pinho Portilio
    Embu das Artes – SP

    Rosely Marchetti
    Rosely Marchetti Honório
    São Paulo – SP

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