O bicheiro Fernando de Miranda Iggnacio foi assassinado a tiros de fuzil na cabeça em uma emboscada num heliponto do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no começo da tarde desta terça-feira, 10. Ele estava voltando de Angra dos Reis, no litoral sul fluminense, quando foi alvo do ataque.
Iggnacio era genro do famoso contraventor Castor de Andrade (1926-1997), cuja herança segue sob disputa intensa entre familiares do patriarca.
Iggnacio era um dos alvos do Escritório do Crime, grupo de matadores que pratica assassinatos sob encomenda no Rio de Janeiro. Ele vinha sendo rastreado desde 2017. As informações de seu monitoramento constam na denúncia sigilosa que acusou e prendeu Leonardo Gouvea da Silva, o Mad, a que VEJA teve acesso. Silva, por sua vez, era amigo de infância e sócio do capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, líder do Escritório do Crime que foi morto pela polícia na Bahia em fevereiro deste ano.
O bicheiro herdou de Castor de Andrade as máquinas de caça-níqueis e de videopôquer pouco antes do patriarca morrer. Andrade sofreu um infarto fulminante em abril de 1997. O filho do contraventor, Paulo de Andrade, ficou com os negócios do jogo do bicho – ele morreu assassinado um ano após o pai, em 1998.
Quem gerenciava a parcela de Paulinho era o primo Rogério de Andrade – que é suspeito pela morte do parente naquele ano.
Quando as apostas de jogo do bicho começaram a minguar, Rogério invadiu a seara das máquinas de caça-níquel, tomando parte dos negócios de Iggnacio.
Desde então, eles vinham disputando territórios na máfia da contravenção da Zona Oeste da cidade – não sem deixar um rastro de assassinatos de policiais, milicianos e desafetos ao longo das últimas décadas.
A Delegacia de Homicídios da Capital investiga o atentado contra Iggnacio. Ainda não há informações sobre as linhas de investigação ou suspeitos do assassinato.