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Força-tarefa prepara serviço funerário para até 400 enterros diários em SP

Articulada entre membros das Forças Armadas e representantes de órgãos estaduais e municipais, ação trabalha para evitar caos nos sepultamentos

Por Mariana Zylberkan Atualizado em 5 Maio 2020, 17h17 - Publicado em 5 Maio 2020, 14h08

A força-tarefa articulada entre membros das Forças Armadas e representantes de órgãos estaduais e municipais de São Paulo para monitorar as mortes causadas pela pandemia de coronavírus tem organizado o serviço funerário da capital para fazer até 400 sepultamentos por dia. Há previsão de alta nas mortes nas próximas semanas diante do aumento da curva de infectados.

Liderada pelo general do Exército da reserva Carlos Saú, a força-tarefa monitora a capacidade funerária das cidades desde março e tem ajudado a montar planos de contingência em municípios que concentram o número de mortes por coronavírus. Os planos são estruturados a partir do levantamento da capacidade funerária dos municípios feito após ofício enviado pelo Exército para as prefeituras para pedir informações como número de covas disponíveis, carros funerários e funcionários. São também considerados os números de leitos de UTI disponíveis e o comportamento da curva de novos casos em cada cidade. Há reuniões semanais entre os integrantes e uma perspectiva da formação de uma sala de emergência no Centro de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, na região central da capital, para monitorar a situação. A capital, por enquanto, é a localidade que mais se aproxima das projeções de pico de mortes, que deve ocorrer nas próximas semanas, segundo o general Saú. “Estamos trabalhando para evitar isso ao máximo, mas o aumento da curva epidêmica tem feito os óbitos dobrarem a cada 12 dias, em média”, diz.

Diante dessas previsões da força-tarefa, a prefeitura de São Paulo deflagrou um plano de contingência em duas fases. A primeira, que já está contratada, foi criada para absorver até 400 enterros por dia. Antes da pandemia, a cidade tinha, em média, 240 enterros diários com aumentos pontuais durante o inverno, quando se agravam as doenças respiratórias. As medidas emergenciais incluem contratação de torres de iluminação para permitir sepultamentos durante 24 horas, aquisição de 19.400 invólucros para manejo dos corpos, contratação emergencial de retroescavadeiras para agilizar a abertura de covas, abertura de 11.300 valas, contratação de 220 coveiros de forma emergencial por 180 dias (o dobro do efetivo pré-pandemia) e compra emergencial de 68.000 urnas. Em decisão inédita, a prefeitura publicou decreto que autoriza empresas privadas a prestar serviços funerários na capital, já que a gestão municipal tem o monopólio desses serviços na capital. “Queremos evitar o colapso no sistema funerário visto em Nova York e Guaiaquil, no Equador”, diz o secretário de subprefeituras, Alexandre Modonezi. “No começo, os estudos apontavam para 1.500 óbitos por dia, mas foram reduzidos com a abertura de novos leitos de UTI”, completa.

Caso o número de óbitos na cidade ultrapasse a marca de 400, será colocada em prática a segunda fase do plano, que irá restringir os enterros a três cemitérios, Nova Cachoeirinha, São Luís e Vila Formosa, além da construção de tendas nesses endereços para agilizar o atendimento de parentes de vítimas. Há previsão de instalação de dez câmaras frigoríficas nesses cemitérios e no crematório da Vila Alpina.

Além de São Paulo, que tem registrado cerca de 100 mortes por dia, a força-tarefa tem se preocupado com as cidade de Osasco, na Grande São Paulo, e Santos, na Baixada Santista, que têm evoluído para aumento da curva epidêmica próximo à realidade da capital sem, porém, dispor da mesma capacidade funerária.

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De acordo com o infectologista e epidemiologista Bruno Scarpellini, as projeções de óbitos, embora assustadoras, são passíveis de se tornar realidade na cidade de São Paulo diante da baixa adesão da população às medidas de isolamento. De acordo com monitoramento do governo estadual com base em dados obtidos de operadoras de telefonia celular, menos de 50% tem ficado em casa, bem abaixo dos 70% preconizado pelas autoridades de saúde. “Infelizmente as projeções são factíveis porque a transmissão desse vírus é muito rápida. O reflexo do baixo isolamento só é sentido em duas ou quatro semanas posteriores”, diz.

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