‘Facções crescem onde o estado abandonou as pessoas’, diz especialista
Crime organizado tem avançado nos estados do norte e do nordeste em disputas pelo domínio de territórios
Pesquisadores que acompanham o crescimento das organizações criminosas têm constatado um movimento do CV e do Terceiro Comando no intuito de se nacionalizarem, uma espécie de “degrau” para que possam se tornar máfias – por isso, rivalizam territórios entre si e com o próprio PCC. O principal foco de avanço dessas facções são os estados do norte e do nordeste, pelos quais passa a rota de Solimões, um caminho importante para o escoamento de drogas produzidas na América Latina rumo à Europa. O entorpecente corta a Amazônia por rios e pelo ar, saindo do país por portos do nordeste, que ainda não têm a mesma atenção das autoridades que portos do Sul e do Sudeste, como o de Santos.
Enquanto no Rio as guerras entre facções são para manter territórios já sob o jugo do crime organizado (o que inclui tráfico e milícias), o nordeste vive uma espécie de fase de “desbravamento”. Um dos muitos fatores que explicam a direção dessa nova disputa social é de ordem econômica – o domínio territorial exercido pelas facções tem êxito em locais em que há defasagem nos serviços públicos, ocupando o vácuo deixado pela pela falta de transporte público de qualidade, de patrulhamento ostensivo (que contrasta com as operações violentas e pontuais) e pela escassez de oportunidades no mercado de trabalho, só para enumerar alguns exemplos mais evidentes.
“O crime se organiza onde o estado abandonou as pessoas. As organizações criminosas ocupam as favelas e tiranizam os moradores”, afirma o ex-secretário nacional de Segurança e coordenador do Núcleo de Urbanismo Social e Segurança Pública do Insper, Ricardo Balestreri. A vida das pessoas em territórios controlados pelo crime organizado é tema da reportagem de capa de VEJA da edição nº 2969.
Um dos pontos levantados pelo docente é de que o domínio exercido sobre as comunidades conta o apoio financeiro de gente que não mora dentro delas. “O que sustenta o domínio territorial é o uso de armas longas. Quem vai à Suíça negociar fuzis da SIG Sauer? Quem compra fuzis R-15 (modelo fabricado nos EUA)? É o morador da comunidade?”, questiona o professor.
Versões modestas ou usadas desse tipo de armamento não custam menos de 30.000 reais e são adquiridas em dólar, com os próprios fabricantes, cujas indústrias não ficam em solo brasileiro. O enfrentamento às facções passa por estrangular não apenas a atividade financeira – por meio de investigações que seguem os métodos do follow the money e do follow the product (do inglês, “seguir o dinheiro” e “seguir o produto”) – mas também o fornecimento graúdo de armamentos pesados.
‘Não se encara com teorias um bandido armado com fuzil’, diz ex-ministro da Segurança
A visita ‘para inglês ver’ do príncipe William ao Rio
Virgínia Fonseca quebra silêncio após rumores de término com Vini Jr
O apelo de aliados para que Bolsonaro rompa o silêncio e controle os próprios filhos
Chamado de louco por governador, Eduardo agora compara Jair Bolsonaro a… Churchill







