Em depoimento ao juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em Curitiba, Fernando Barbosa Sampaio, presidente do estaleiro Enseada Indústria Naval, em que a Odebrecht tem participação, confirmou que o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci era identificado como “Italiano” nas planilhas e e-mails da empreiteira. Sampaio depôs como testemunha de defesa arrolada pelo ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht, na ação penal em que o empresário é réu ao lado de Palocci e outras 13 pessoas, incluindo o marqueteiro João Santana.
O executivo fez a confirmação depois de Moro ler um e-mail enviado a ele por Odebrecht em 2011 a respeito de construção e afretamento de navios-sonda que citava o codinome. “Chegou no italiano a fofoca, via Petrobras, de que estaríamos saindo, desistindo da Bahia. Neguei e afirmei que as conversas não evoluíram, apenas por eles estarem concentrados no pacote. Ele tem claro que a linha vai ser na compensação via tarifa de arrendamento”, dizia o e-mail.
Questionado pelo magistrado a quem o apelido se referia, Sampaio disse “a gente sabia que o italiano era o Palocci. Eu sabia, tinha sido informado pelo Márcio Faria”. Ele respondeu a Moro, no entanto, que só conhece o ex-ministro “de imprensa, televisão, pessoalmente não, nunca estive com ele” e que não sabe por que Palocci era citado como “Italiano” nos e-mails.
Conforme análise da planilha “Posição italiano 31/07/2012 MO”, apreendida pela Polícia Federal na 23ª fase da Operação Lava Jato, Palocci teria acertado o pagamento de propinas de cerca de 200 milhões de reais de 2008 a 2013. Ao final, 128 milhões de reais teriam desaguado em destinatários definidos pelo PT, como o marqueteiro João Santana, até outubro de 2013, restando um saldo de 71 milhões de reais.
Ao final da oitiva de Fernando Sampaio, o advogado de Antonio Palocci, José Roberto Batochio, perguntou a ele se sabia da identificação do codinome apenas por “ouvir falar” e o executivo disse que sim. “Eu realmente ouvi dizer de colegas da empresa que o Italiano era o Paloccci, agora, não estive com ele, não conheço ele”, ressaltou.
Palocci foi preso na 35ª fase da Lava Jato, batizada de Omertà, em setembro de 2016. Ele é acusado pelo Ministério Público Federal crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em duas ações penais na operação.
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