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Exclusivo: Flordelis viola decisão judicial e se encontra com investigados

Apontada como mandante do assassinato do marido, a deputada federal está proibida de manter contato com testemunhas e outros réus

Por Marina Lang e Jana Sampaio
Atualizado em 27 ago 2020, 17h31 - Publicado em 27 ago 2020, 17h28

Apontada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro no começo desta semana como a mandante do assassinato do próprio marido, o pastor Anderson do Carmo de Souza, em 16 junho do ano passado, a deputada federal Flordelis (PSD-RJ) foi flagrada por VEJA descumprindo medidas judiciais determinadas pela 3ª Vara Criminal de Niterói.

Na decisão que torna a parlamentar ré pela morte do marido, a juíza titular Nearis dos Santos Carvalho Arce determinou a proibição de contato entre Flordelis, testemunhas, corréus e outros quatro investigados que serão alvo de um novo inquérito a ser instaurado pelo MP do Rio e pela Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Maricá.

Entre os nomes a serem investigados pela força-tarefa da DH e do MPRJ estão o motorista Márcio da Costa Silva, o Márcio Buba, e Gérson da Conceição de Oliveira, o pastor Gérson. Ambos foram nomeados como assessores parlamentares da pastora evangélica na Câmara dos Deputados – as investigações apontam indícios de que eles participem de um possível esquema de rachadinhas no gabinete da parlamentar.

Na terça, 25, um dia após a decisão da juíza, a reportagem de VEJA esteve na casa de Flordelis no bairro Badu, Niterói, na região metropolitana do Rio, quando Márcio Buba foi visto entrando na residência da deputada federal. VEJA apurou que Flordelis já havia sido notificada da decisão por meio de seus advogados.

A reportagem também obteve, com exclusividade, um áudio gravado na noite de quarta, 26, em que a parlamentar convoca fiéis para irem ao Ministério Flordelis, igreja comandada por ela e pela família, assistir um culto comandado pelos pastores Carlos Ubiraci (preso na segunda, 24) e Gérson – este último é uma das pessoas com quem a deputada não pode manter contato.

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Ouça o áudio:

“Hoje (quarta, 26/8/2020) eu quero todo o mundo no culto, tá bom? Hoje, Piratininga, o culto permanece. Nós vamos levantar um clamor pelo nosso pastor Carlos [Ubiraci, preso por envolvimento na morte de Anderson do Carmo, ele está lotado no gabinete da parlamentar e é suspeito de participar do esquema de rachadinha]. O pastor Gérson, da sede, também vai estar aí presente. (…) Nada é permanente, tudo vai passar, já já tudo vai ser esclarecido, vocês vão acompanhar aí todos os esclarecimentos. O pastor Carlos não tem nada a ver com nada, tá bom? É mais uma covardia, é mais um teatro desse povo. Mas nós vamos vencer essa batalha na oração”, diz Flordelis na gravação.

Em seguida, a parlamentar dá ordens aos fiéis da igreja: “Vamos vencer essa batalha na oração. Ninguém dê respostas nas redes sociais. Não vamos brigar, tá bom? Essa briga não é nossa, essa briga é de Deus”. Para o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), trata-se de mais um descumprimento da decisão judicial da 3ª Vara Criminal.

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Apesar de ser suspeito de envolvimento na morte de Anderson do Carmo, o motorista Márcio da Costa Silva, o Márcio Buba, continuava lotado no gabinete de Flordelis até o dia 14 de agosto, mas sua exoneração foi publicada no Diário Oficial da União quatro dias depois. A remuneração bruta de Buba era de R$ 575,74, mais R$ 759,74 relativos a auxílios diversos. Márcio Buba, inclusive, é pré-candidato a vereador pelo PSD, a mesma legenda pela qual a parlamentar se elegeu à Câmara dos Deputados.

Já Carlos Ubiraci Francisco da Silva, que foi preso na Operação Lucas 12, segue listado como assessor parlamentar na Câmara dos Deputados, com salário bruto de R$ 14.646,94, além de auxílios no valor de R$ 982,29. Gérson da Conceição de Oliveira, o pastor Gérson, também consta como assessor de gabinete da cantora gospel. Ele recebe R$ 15.698,32, mais auxílios de R$ 1.808,20.

Procurada, Flordelis se recusou a conceder entrevista. O advogado da deputada, Anderson Rollemberg, não respondeu aos questionamentos sobre os dois descumprimentos até o fechamento da reportagem nem se manifestou a respeito da exoneração de Carlos Ubiraci e do pastor Gérson.

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