O ex-procurador Marcello Miller disse nesta terça-feira que seu destino foi “previamente decidido” pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O comentário de Miller está em uma petição enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) na qual pede que Janot seja ouvido no processo que investiga se ele atuou como “agente duplo” em favor da JBS durante o período em que trabalhava no Ministério Público Federal (MPF). Miller foi exonerado do cargo em abril.
Segundo o ex-procurador, o depoimento de Janot pode esclarecer se houve pedidos para favorecer os executivos da JBS que firmaram acordo de colaboração com o MPF. Na petição, o ex-procurador também colocou os seus sigilos fiscal e bancário à disposição do ministro Luiz Edson Fachin, relator do caso no STF, e voltou a declarar que não favoreceu a empresa nem participou da força-tarefa das investigações que envolveram o grupo J&F, controlador da JBS.
Os advogados que representam os interesses de Miller, André Perecmanis e Paulo Klein, também solicitaram que o STF ouça os procuradores Eduardo Pelella, Fernando Alencar e Sergio Bruno Fernandes. O interesse da defesa é atestar se Miller entrou em contato com eles para tratar de assuntos relativos à JBS.
Miller também criticou o pedido de prisão assinado por Rodrigo Janot, que foi rejeitado pelo ministro Fachin. O pedido foi feito enquanto o ex-procurador prestava depoimento à Procuradoria da República no Rio de Janeiro, na última sexta-feira. Os colaboradores Joesley Batista e Ricardo Saud, ambos da JBS, foram presos por determinação do ministro do STF.
“A heterodoxia no procedimento adotado pelo eminente procurador-geral da República foi, ao que parece, fruto de açodamento e precipitação. Obviamente, não levou em conta os esclarecimentos realizados pelo requerente durante seu depoimento, o que sugere, para dizer o mínimo, que o requerimento de decretação de cautelares já estava pronto anteriormente”, diz a petição.
Na segunda-feira, após a retirada do sigilo do pedido de prisão rejeitado por Fachin, veio a público que Janot tem provas de que Miller atuou em favor do grupo JBS durante o período em que trabalhou no MPF. Janot indicou que e-mails de um escritório de advocacia que contratou o ex-procurador mostram que Miller auxiliou a empresa no acordo de leniência com o órgão.
(Com Agência Brasil)