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Escolas de samba protestam contra corte de recursos no Rio

Dirigentes ressaltam que escolas também têm creches, entre outros projetos sociais

Por Da redação
Atualizado em 17 jun 2017, 19h59 - Publicado em 17 jun 2017, 19h51

Sambistas de diversas escolas do Rio de Janeiro se reuniram neste sábado em frente à sede administrativa da prefeitura, na Cidade Nova, região central da cidade, para protestar contra a decisão do prefeito Marcelo Crivella de cortar 50% da subvenção municipal às agremiações do grupo especial, que desfilam na Marquês de Sapucaí. Crivella informou na última segunda-feira que a outra parte dos recursos seria deslocada para a manutenção das creches conveniadas ao município. A manifestação, convocada pelas redes sociais, reuniu um número menor que o previsto — as estimativas variam de 60 a 250 pessoas — de integrantes das escolas consideradas a elite do carnaval carioca, mas também das agremiações da Série A (antigo grupo de acesso ao especial), que todo ano costumam enfrentar mais dificuldade de recursos.

O coordenador de Carnaval da Beija-Flor de Nilópolis, da Baixada Fluminense, Laíla, classificou a decisão do prefeito de demagógica e lembrou que durante a campanha eleitoral ele tinha se comprometido a manter os recursos da prefeitura para as agremiações. Laíla chamou a atenção para os projetos sociais desenvolvidos pelas escolas. “Ele está se esquecendo que dentro das escolas de samba há um trabalho social muito grande. Na Beija-Flor, a diretoria banca a creche para 1.200 crianças e não é de hoje. Temos muitas crianças necessitadas no Rio de Janeiro. Não só as das creches da prefeitura”, disse, acrescentando que as agremiações também geram empregos. “Tem muita gente que trabalha o ano inteiro no desenvolvimento do carnaval. Todo mundo tem família.”

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O compositor Raphael Carvalho, um dos autores dos sambas da Imperatriz Leopoldinense, escola de Ramos, na zona norte do Rio, disse que a decisão do prefeito interfere até no trabalho dos compositores, que precisam se preparar para participar da disputa de sambas-enredo. “As escolas já estão dando enredo. Eu já peguei a sinopse da escola e vou começar a fazer o samba. Tenho que gravar. Tudo é gasto. Tanto a Liga (Liga Independente das Escolas do Estado do Rio de Janeiro-Liesa) quanto a prefeitura têm que entrar em acordo”, disse.

Para o carnavalesco Jorge Silveira, que pela primeira vez estará responsável pelo desfile de uma escola do grupo especial, a São Clemente, a prefeitura precisa entender que além das agremiações há toda uma estrutura que funciona não apenas nos dias dos desfiles da elite do Sambódromo. “Faz falta para o grupo especial, mas não podemos esquecer que faz falta para o grupo de acesso, para o grupo da Intendente Magalhães (estrada onde ocorrem os desfiles das séries B, C, D e E), para o carnaval de rua, para toda a cadeia produtiva do carnaval e para a gente poder planejar”, lembrou.

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O carnavalesco Gabriel Haddad, da Acadêmicos do Cubango, escola de Niterói, que desfila na Série A, sabe bem o que é a dificuldade das escolas menores. Em 2016 estava à frente do carnaval da Acadêmicos do Sossego, que naquele ano conquistou o campeonato na Série B e ganhou o direito de desfilar pela Série A, na Passarela do Samba, na Marquês de Sapucaí. Gabriel Haddad disse que a ameaça de cortes da prefeitura atinge também essas escolas, para as quais qualquer centavo faz diferença. “A gente desfila na Marquês de Sapucaí na sexta e no sábado e, muitas vezes, o interesse privado é menor. As escolas do grupo de acesso dependem muito mais dos recursos públicos”, afirmou.

Para a professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Mairce Araújo, que desfila na ala de baianas da Mangueira, houve pouco tempo para a convocação e o importante é que ficou evidente o descontentamento com a decisão da prefeitura. “Para mim, este movimento está bastante representativo. Nós vivemos um momento onde todo mundo está sofrendo muito com os ataques aos direitos que a gente vai perdendo, mas as respostas estão vindo”.

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Depois da polêmica causada pela declaração de Crivella na segunda-feira passada, a prefeitura garantiu que o corte para destinar esses recursos às creches mantidas pela administração municipal, não significa que as escolas de samba ficarão sem apoio. A ideia é fazer os investimentos diretamente nas agremiações por meio do Conselho de Turismo, com a utilização de um fundo setorial ou por cadernos de encargos, que contariam com financiamentos de empresas privadas.

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Desfile

Depois da concentração em frente à prefeitura, os sambistas saíram em caminhada pela Rua Afonso Cavalcanti em direção ao Sambódromo, onde fizeram um desfile até o meio da Passarela do Samba.

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O presidente da Riotur, Marcelo Alves, deve se reunir na segunda ou terça-feira com o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Castanheira, para discutir a questão. Estava prevista uma reunião do prefeito com representantes das escolas do grupo especial na segunda-feira, mas foi desmarcada por causa de uma viagem de Crivella para a Holanda.

(Com informações da Agência Brasil e Estadão Conteúdo)

 

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