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Ernesto Araújo insinua estar sob pressão por causa da licitação do 5G

Ministro das Relações Exteriores dá a entender no Twitter que o Senado o estaria perseguindo devido à sua suposta interferência no leilão da nova tecnologia

Por Sergio Figueiredo Atualizado em 29 mar 2021, 07h08 - Publicado em 28 mar 2021, 19h11
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  • O ministro Ernesto Araújo deu a entender, em um tuíte postado na tarde deste domingo, que a pressão do Senado para sua saída do Ministério das Relações Exteriores estaria ligada aos interesses de senadores na licitação da tecnologia 5G, que deve ser realizada neste ano. No Twitter, o ministro disse o seguinte: “Em 4/3 recebi a Senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: ‘Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado’. Não fiz gesto algum”.

    Araújo complementou: “Desconsiderei a sugestão inclusive porque o tema 5G depende do Ministério das Comunicações e do próprio Presidente da República, a quem compete a decisão última na matéria”.

    A tecnologia 5G, quinta geração da telefonia celular, é a mais esperada evolução das telecomunicações da década. Estima-se que a nova rede será até 100 vezes mais rápida que a atual, permitindo a implementação da IoT (Internet das Coisas, na denominação em inglês): mais velocidade, menor latência (tempo de reação), mais precisão e estabilidade. Até operações cirúrgicas a distância podem se tornar realidade com o 5G. Portanto, trata-se de uma das licitações mais sensíveis e valiosas desde a privatização do setor de telefonia nos anos 90. O governo espera arrecadar 23 bilhões de reais com a licença, além de contar com 35 bilhões de reais em investimento direto das operadoras no sistema, segundo cálculos preliminares.

    O ministro teria se posicionado contra a big tech chinesa Huawei, umas das companhias líderes em equipamentos de rede. Sob pressão dos Estados Unidos, Araújo estaria trabalhando junto ao Ministério das Comunicações e ao presidente Jair Bolsonaro para vetar a participação dos chineses na licitação por se tratar de segurança nacional. Na Europa, a Huawei tem sido barrada em leilões da rede privativa do Estado, mas não da comercial.

    Diante da declaração do ministro, a senadora Kátia Abreu (Progressistas) emitiu a seguinte nota à imprensa nesta noite:

    “O Brasil não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal. Alguém que insiste em viver à margem da boa diplomacia, à margem da verdade dos fatos, à margem do equilíbrio e à margem do respeito às instituições. Alguém que agride gratuitamente e desnecessariamente a Comissão de Relações Exteriores e o Senado Federal. É uma violência resumir três horas de um encontro institucional a um tuíte que falta com a verdade. Em um encontro institucional, todo o conteúdo é público. Defendi que os certames licitatórios não podem comportar vetos ou restrições políticas. Onde está em jogo a competitividade de nossa economia, como no caso do leilão do 5G, devem prevalecer os critérios de preço e qualidade, conforme artigo O Céu é o Limite que divulguei na Folha de S.Paulo (21/03/21)”.

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