Equipes de busca encontram material ‘aparentemente humano’ no Javari
O material recolhido na região onde desapareceram indigenista e jornalista passará por análise da Polícia Federal; a procura no local continua
A Polícia Federal disse que equipes de busca encontraram material orgânico “aparentemente humano” no Rio Javari nesta sexta-feira, 10, em meio à operação que tenta localizar o indigenista Bruno Araújo e o jornalista inglês Dom Phillips, desaparecidos desde o último domingo. O material, que não foi descrito pela PF, estava próximo ao porto de Atalaia do Norte, no Amazonas, que seria o destino final da dupla no último fim de semana.
O material será analisado no Instituto Nacional de Criminalística da PF, que também fará uma perícia no sangue encontrado na lancha do suspeito Amarildo da Costa de Oliveira, 41 anos, o Pelado. Ele foi preso na quarta 8, com munição de uso restrito. Testemunhas afirmam que Pelado foi visto em um barco em alta velocidade logo após Araújo e Phillips terem deixado a comunidade São Rafael. A comunidade ribeirinha, onde os dois foram vistos pela última vez, fica às margens do Rio Itaquaí, que corre em direção ao Javari, onde está Atalaia do Norte.
O comitê de crise montado por órgãos de segurança também informou que nesta sexta-feira material genético de Phillips e Araújo foi coletado em Salvador e no Recife, respectivamente. O material será comparado com o sangue encontrado no barco do suspeito.
Prisão
Na noite de quinta-feira 9, a juíza Jacinta Silva dos Santos, da comarca de Atalaia do Norte, determinou a prisão temporária por trinta dias do suspeito Amarildo da Costa de Oliveira. A decisão atende a um pedido Polícia Civil na cidade, que investiga o desaparecimento. Pelado foi preso inicialmente em flagrante por ter sido encontrado com munição de uso restrito e uma pequena porção de cocaína.
A busca por Araújo e Phillips terminou seu quinto dia sem localizar o paradeiro da dupla. Eles desapareceram no domingo 5, durante uma viagem em que visitavam comunidades ribeirinhas e indígenas no Vale do Javari, região que concentra o maior número de indígenas isolados no mundo. Araújo já havia recebido diversas ameaças por seu trabalho contra invasores da região do Vale do Javari, como pescadores e madeireiros. A última havia ocorrido poucos dias antes do desaparecimento.
O objetivo da viagem era visitar a equipe de Vigilância Indígena, perto do Lago do Jaburu e nas imediações de uma base de vigilância da Funai, para que Phillips pudesse entrevistar membros das comunidades locais.
A dupla viajava em uma embarcação nova e com combustível suficiente para o trajeto. Os dois chegaram na noite da última sexta-feira, 3, e retornariam, no domingo 5, para a cidade de Atalaia do Norte. Antes de chegarem ao destino, segundo a Univaja e a OPI, Araújo e Phillips estiveram na comunidade São Rafael para uma reunião que o indigenista tinha agendado com um líder comunitário conhecido como Churrasco. O encontro havia sido marcado para “consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas na vigilância do território bastante afetado pelas intensas invasões”. Ao chegar no local, porém, eles não se encontraram com o líder comunitário.