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Em novo depoimento, babá diz que Jairinho agrediu Henry em três ocasiões

Cuidadora disse que contou à avó do menino, Rosângela, sobre rasteira e chute; criança relatou as agressões para a mãe, Monique Medeiros, no mesmo dia

Por Marina Lang Atualizado em 14 abr 2021, 16h09 - Publicado em 13 abr 2021, 11h29

A babá Thayna de Oliveira Ferreira, que cuidava do menino Henry Borel, 4 anos, prestou novo depoimento à 16ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade, e modificou suas declarações dadas anteriormente, nas quais descreveu uma suposta relação “harmoniosa” na casa em que a criança vivia com a mãe, Monique Medeiros, 33, e o padrasto, o vereador Jairo Santos Souza Junior, o Dr. Jairinho. De acordo com seu relato, dado até o começo da madrugada desta terça-feira, 13, na unidade policial, Henry foi trancado no quarto do casal e de lá saiu machucado em pelo menos três ocasiões, todas elas presenciadas ao longo do mês de fevereiro. O menino foi assassinado por espancamento na madrugada de 8 de março no apartamento em que os três moravam, também na Barra da Tijuca. Monique e Jairinho foram presos na quinta-feira, 8, e vão responder por homicídio duplamente qualificado e tortura. A babá também informou a avó materna da criança, Rosângela Medeiros Costa e Silva, sobre um dos espancamentos.

De acordo com o depoimento, a que VEJA teve acesso, no dia 12 de fevereiro – quando narrou uma sessão de tortura em tempo real para a mãe de Henry – Monique pediu para falar com o garotinho pelo celular. Na ligação, Henry contou à mãe todas as agressões sofridas. Monique teria pego a criança e algumas malas, que estavam prontas em razão de uma viagem que fariam no Carnaval com Dr. Jairinho, e dito que iria para a casa dos pais em Bangu, na Zona Oeste do Rio.

No dia seguinte, contudo, a babá viu um stories de Monique no Instagram em que ela e o vereador estavam juntos em Mangaratiba, no litoral fluminense. Também no dia 13 de fevereiro, Monique levou Henry a um hospital porque ele estava mancando em decorrência das agressões – aos médicos, a mãe alegou que o filho havia “caído da cama”.

Jairinho também pressionou Henry após Thayna relatar as agressões a Monique. Segundo o depoimento, “JAIRINHO retornou ao apartamento, visivelmente exaltado, questionando o menino “HENRY, O QUE FALOU PRA SUA MÃE”, “VOCÊ GOSTA DE VER SUA MÃE TRISTE COM O TIO?”, “VOCÊ MENTIU PRA SUA MÃE?”, Que HENRY, que estava no colo da declarante, respondia, acuado, que não havia falado nada, que não havia feito nada; Que então, JAIRINHO passou a perguntar à declarante “ELE LIGOU? O QUE VOCÊS FALARAM?”.

Na semana seguinte, Thayna disse que relatou todas as agressões à avó materna de Henry, Rosangela Medeiros Costa e Silva, que “ficou assustada e ficou indagando para saber se HENRY estava ou não mentindo”. A avó, que também prestou depoimento na delegacia, não mencionou o episódio em suas declarações.

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A babá relatou ainda que as brigas entre Monique e Dr. Jairinho eram recorrentes, que ambos ameaçavam fazer as malas e deixar a casa, mas que se reconciliavam rapidamente.

Ela disse que mentiu no primeiro depoimento após ser coagida por Monique e pelo advogado André França Barreto, que deixou a defesa do casal ontem, no escritório dele, localizado no Centro do Rio. Na ocasião, ela apagou todas as mensagens de celular trocadas com Monique e Dr. Jairinho a pedido da mãe de Henry. O advogado, segundo o depoimento, iniciou a conversa falando de Deus, “que era católico como a declarante” e perguntou “se a declarante colocava a “mão no fogo” por JAIRINHO e MONIQUE; Que a declarante falou que não, que só colocaria a “mão no fogo” por ela própria; Que, então, Dr. ANDRE falou que não poderia ser assim, que ela, por acreditar em Deus, tinha que falar “para o mundo” o quão pessoas boas eram MONIQUE e JAIRINHO”.

Dias antes o primeiro depoimento, a irmã de Jairinho, Thalita, a chamou em sua casa e “disse para a declarante não ser JUÍZA DO CASO DO IRMÃO DELA, que “MENOS É MAIS”, dando a entender que não era para a declarante falar tudo que sabia, que todos já estavam sofrendo muito”. Em seguida, Thalita teria perguntado se a babá mantinha arquivos de conversas em seu celular e orientado a apagá-los em caso positivo.

Perguntada sobre a razão de ter mentido em seu primeiro depoimento, Thayna respondeu que “mentiu por medo, já que, por ter visto o que JAIRINHO tinha feito contra uma criança, ficou com medo que algo também pudesse acontecer com ela própria”. A babá disse ter medo também porque a mãe, Helena, ainda trabalha para a família do vereador na casa do pai, o ex-deputado Coronel Jairo. Ela também contou à polícia que Jairinho conseguiu empregos na Prefeitura do Rio para parentes e que um deles é assessor do parlamentar. Thayna relatou que trabalhou na campanha eleitoral do político em 2020.

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Quando soube da morte de Henry pelas lesões, prosseguiu, associou às agressões que Dr. Jairinho cometia contra a o menino.

Outras duas agressões

Thayna disse que todos os episódios de agressão ocorriam no quarto do casal com a porta trancada. Era um método silencioso, uma vez que quase não se ouviam barulhos.

O primeiro teria ocorrido em 2 de fevereiro entre 6h e 7h, quando Monique estava no futevôlei. Henry teria começado a chamar pela mãe de seu quarto. Jairinho foi até lá, chamou a criança de “mimada” e ordenou que ela viesse com ele até o quarto do casal, onde ele permaneceu com o garotinho por cerca de 30 minutos. Depois que os dois saíram do cômodo, a babá disse que perguntou a Henry o que havia acontecido e a criança lhe respondeu que “tinha esquecido, que estava com soninho”. A cuidadora teria insistido, mas Henry seguiu respondendo que havia esquecido. No mesmo dia, à tarde, a criança reclamou de uma dor no joelho e que, devido a isso, não queria brincar com as outras crianças na brinquedoteca do prédio.

A outra agressão teria ocorrido na última semana de fevereiro quando, excepcionalmente, Dr. Jairinho chegou cedo do trabalho e só ela e a criança estavam em casa – Monique estava na academia de ginástica. Assim que chegou, Jairinho chamou a criança para o quarto do casal, e a criança obedeceu. Novamente, a porta estava trancada. A babá foi atrás da criança, chamou e ninguém respondeu. Cerca de três minutos depois, a porta se abriu, e Thayna perguntou ao menino o que havia acontecido. Henry relutou em responder, mas em seguida disse que havia “caído da cama”. À polícia a cuidadora declarou que o menino estava “visivelmente intimidado”, mas contou que estava com a cabeça doendo e que tinha uma marca roxa no seu braço.

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