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É hora de rever a rota

Deixar debates fúteis de lado e estabelecer as prioridades — eis a urgência apontada no Fórum VEJA EXAME sobre os primeiros 100 dias do governo Bolsonaro

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 abr 2019, 07h00 - Publicado em 19 abr 2019, 07h00

Foram 100 dias com turbulência, mas o avião passou no meio da turbulência perfeito.” Com essa declaração, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tentou suavizar sua conturbada relação com o Palácio do Planalto em sua participação no Fórum VEJA Exame 100 Dias de Governo, que aconteceu em São Paulo, na segunda-feira 15. Em meio a chacoalhões diversos, inclusive confrontos que envolveram o próprio Maia, a decolagem tem sido repleta de solavancos, e é clara a necessidade de reavaliar a rota. Ao longo de nove painéis com treze convidados do fórum, essa necessidade foi apresentada sob o prisma de várias áreas (leia as frases abaixo).

Na primeira delas, a política, é fundamental que haja enfim diálogo e real negociação. O cientista político Ricardo Sennes observou que a vitória do candidato que prometia uma nova política não pode ser traduzida em fim de negociação. “O recado das urnas é ‘não faça coalizão com base na corrupção’. Não é ‘não faça coalizão’ ”, resumiu. Trata-se de uma questão urgente. As “caneladas” do presidente na articulação com o Congresso, onde tramita a reforma da Previdência, e a possibilidade de que a proposta seja desidratada pelos parlamentares levam o economista José Roberto Mendonça de Barros à avaliação de que o ano de 2019 “está perdido” para a economia brasileira. “O custo já está pago, infelizmente. Agentes econômicos estão revendo para baixo o avanço do PIB deste e dos próximos anos, o mercado de trabalho não deve melhorar”, analisou.

Enquanto questões sérias aguardam o tratamento devido, ainda ganham protagonismo os arroubos ideológicos de Bolsonaro e sua equipe. Para o sociólogo Demétrio Magnoli, a “guerra cultural” levada a cabo pelos bolsonaristas, que denuncia uma conspiração mundial entre “liberais globalistas” e “comunistas”, confronta-se com a doutrina liberal de Paulo Guedes, o superministro da Economia, e a inviabiliza. Na educação, desastrosamente gerida pelo agora ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez, substituído por Abraham Weintraub, o diagnóstico do excesso ideológico se soma ao da falta de definição de prioridades. “A discussão sobre o ensino domiciliar no país é a última prioridade. Essa é a nossa emergência? Não faz sentido”, criticou Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV. A priorização de questões diplomáticas tem se revelado ainda mais desastrosa, mas há esperança. Marcos Troyjo, secretário especial de Comércio Exterior e Relações Internacionais do Ministério da Economia, mostrou uma bússola bem calibrada ao dizer que o Brasil precisa “parar de fugir da globalização e fazer inserção competitiva”. O governo Bolsonaro tem pela frente mais de 1 300 dias para escutar as boas ideias que ignorou nos 100 primeiros.

É inviável, é óleo e água. A doutrina liberal (de Guedes) não se mistura com a nacional-populista (de Bolsonaro).”

Demétrio Magnoli, sociólogo

O problema está no governo e a solução está na iniciativa privada.”

Carlos Alexandre da Costa, secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, sobre a importância de alterar o “dirigismo” praticado por governos anteriores
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Não é educação domiciliar ou cartinha para as escolas que vai resolver o problema que temos com educação.”

Priscila Cruz, presidente do Todos pela Educação

Não há nada mais humilhante para uma chancelaria do que ser alvo de ridículo.”

Rubens Ricupero, ex-embaixador e ex-ministro

Essa coisa de esquerda e direita faz muito mal ao Brasil não só por ameaçar a democracia, mas por roubar tempo de discussões que importam.”

Tabata Amaral, deputada federal

Publicado em VEJA de 24 de abril de 2019, edição nº 2631

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