Delegado linha-dura assume Segurança no Rio, em troca-relâmpago
Governo do estado confirmou na manhã desta quinta-feira a troca de José Renato Torres por Marcus Vinícius Amim, que deixa a presidência do Detran

O novo secretário de Polícia Civil do governo do estado do Rio de Janeiro, responsável por uma das pastas mais sensíveis da gestão, foi hoje oficialmente nomeado pelo governador Cláudio Castro (PL). Presidente do Detran-RJ há pouco mais de dois anos, Marcus Vinícius Amim Fernandes é delegado de carreira e, antes de assumir o órgão, atuou na Delegacia de Repressão a Entorpecentes. A escolha foi chancelada pela aprovação-relâmpago, na Assembleia Legislativa do estado, na quarta-feira, 18, de mudança na Lei Orgânica da Polícia Civil: a redução de quinze para dez anos da exigência de tempo de atuação como delegado para assumir o comando da pasta. Abriu as portas para Amim.
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O novo homem forte da Segurança é ligado ao deputado estadual Marcelo Canella (União), integrante do grupo político do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (PL). Canella fez campanha ao lado do ex-PM Juracy Alves Prudêncio, condenado por homicídio e associação criminosa em 2009. Os dois foram vistos, na última terça-feira, 17, confraternizando na saída da Alerj. Como delegado, Amim chegou a dizer que “vagabundo que atira em polícia tem que ser morto”. Tem uma leitura semelhante à do ex-governador Wilson Witzel, que sofreu impeachment em 2021. Ele cunhou, a assumir o cargo, em 2018, a frase: “A polícia vai mirar na cabecinha… e fogo”.
A troca, duas semanas depois da nomeação do secretário José Renato Torres do Nascimento, irritou os sindicatos e associações da Polícia Civil. José Renato, enquanto a Alerj votava o projeto de lei, de autoria do governador Cláudio Castro, pediu sua exoneração e se despediu da equipe. A VEJA, ele falou que houve pressão política em sua atuação na pasta. A assessoria do governo do estado confirmou a troca na manhã desta quinta, 19. A informação do governo é que Torres deixou o cargo “a pedido”. “Estou certo de que o delegado Amim tem as qualificações necessárias para fazer um bom trabalho à frente da Polícia Civil”, disse Castro, em nota.
A substituição ocorre em momento nevrálgico para o estado: na última segunda-feira, 16, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, se reuniu com Castro e José Renato para acertar detalhes da parceria com o governo federal, pedida pelo governador do Rio, depois da divulgação de imagens indicando o recrutamento feito pelo tráfico de drogas no Complexo da Maré, na Zona Norte da capital fluminense, e da execução de três médicos, que participavam de um congresso na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade.