Datas: Shoichiro Toyoda, Richard Belzer e Huey “Piano” Smith
O pai de uma revolução industrial, o comediante de stand-up e o pianista pioneiro do rock
O executivo japonês Shoichiro Toyoda, formado em engenharia e administração de empresas, teve de apelar ao seu dom para a diplomacia a fim de promover uma das mais interessantes revoluções da indústria moderna. Como chefe do gigante automotivo Toyota — e filho do fundador da companhia —, ele ajudou a transformar a companhia em marca mundial, a numero 1 em vendas, ao superar a General Motors. O feito foi ainda mais extraordinário por ter ocorrido a partir do início dos anos 1980, no auge das tensões comerciais entre o Japão e os Estados Unidos, momento em que os carros japoneses se tornaram símbolo de um temor incontornável: o medo de os americanos ficarem para trás na corrida, o que de fato ocorreu no mercado de veículos. O pai de Shoichiro fundou a Toyota Motor em 1937, costela de uma fábrica de teares automática — o “d” de Toyoda foi alterado para “t” no nome da empresa porque ficava melhor quando escrito em japonês. O executivo morreu em 14 de fevereiro, aos 97 anos.
Entre o drama e a comédia
O comediante de stand-up e ator Richard Belzer era homem de sete instrumentos, afeito a brilhar tanto no drama como nos trabalhos feitos para rir. Ele ficou mundialmente conhecido como o detetive John Munch — irônico, inteligente e criativo — ao longo de dezesseis temporadas da série Law & Order: SVU. “Belzer era uma das pessoas mais engraçadas que conheci”, disse a atriz Laraine Newman, com quem contracenou inúmeras vezes. Amigos íntimos relataram que, próximo do fim, ele teria disparado um sonoro palavrão — “f***-**” — antes do derradeiro suspiro. Ele morreu em 19 de fevereiro, aos 78 anos, de câncer, em sua casa na cidade de Bozouls, no sudoeste da França.
Na origem do rock and roll
Foi com espanto, no início dos anos 1950, que os amantes do rhythm and blues de Nova Orleans, nos Estados Unidos, ouviram a batida forte com a mão esquerda e os floreios dançantes com a direita de um exímio pianista – e saiu todo mundo dançando. O americano Huey “Piano” Smith inaugurava, ali, um capitulo da história da música popular que culminaria no rock and roll. Smith compôs canções que se tornaram totens, como Rocking Pneumonia and the Boogie Woogie Flu e Don’t You Just Know It. Hoje, soam um tanto antiquadas, mas convém ressaltar: sem elas não chegaríamos, do outro lado do oceano, aos Beatles e Rolling Stones. Smith morreu em 13 de fevereiro, aos 89 anos.
Publicado em VEJA de 1º de março de 2023, edição nº 2830