Ele era conhecido como o “Curinga da Vila”, dada a capacidade de atuar em diversas posições, da defesa ao ataque — ia bem como zagueiro, a posição original; na lateral, em qualquer lado; e lá na frente. Lima jogou pelo Santos de 1961 a 1971, com 692 jogos e 63 gols. Era um grande amigo de Pelé, dentro e fora do gramado, a ponto de ser chamado com frequência para as festas de Natal e Ano Novo. A amizade, que seria fortalecida nos vestiários da Vila Belmiro, começou a rigor em um episódio histórico — com Lima do outro lado de campo.
Ele estava no time grená do Juventus, em 1959, na partida em que o rei fez seu mais belo gol, ao driblar quatro defensores com sucessivos chapéus, até estufar a rede. O lance não foi acompanhado pelas câmeras de TV, daí a mítica em torno dele. No filme Pelé Eterno, de 2004, a jogada foi reconstituída por computador, a partir de depoimentos do camisa 10 e de Lima, que não foi um dos driblados. Depois de pendurar as chuteiras, o jogador trabalhou como treinador das equipes de base do Peixe. Foi, aliás, um dos responsáveis pela descoberta de Neymar. Morreu em 3 de fevereiro, aos 82 anos, em decorrência de problemas renais.
O trator mineiro
Formado na política miúda e cotidiana do movimento estudantil no tempo da ditadura militar, em que o silêncio valia ouro, o mineiro Newton Cardoso logo credenciou-se à carreira executiva e parlamentar. Prefeito da cidade industrial de Contagem por três mandatos, foi também deputado federal e governador de Minas Gerais pelo PMDB, partido nascido da costela do MDB original, que ajudou a fundar, em 1966. Apelidado de “trator”, esbravejava com contundência, mas sem nunca abandonar o pendor diplomático. “Newtão” foi um dos avalizadores da posse de José Sarney depois da internação do presidente eleito pelo colégio eleitoral em 1985, Tancredo Neves. Ao longo de cinco anos, apesar do permanente ruído de um possível golpe, que nunca ocorreu, ele dizia: “Eu garanto as eleições de 1989”. Cardoso morreu em 2 de fevereiro, aos 86 anos, de falência de múltiplos órgãos.
Aviadora olímpica
A nadadora dos Estados Unidos Iris Critchell era a derradeira sobrevivente da Olimpíada de 1936, em Berlim, que Hitler quis transformar em ferramenta de celebração da raça ariana, mas que seria marcada pela vitória do negro Jesse Owens no atletismo. Especialista nos 200 metros nado de peito, ela tinha apenas 15 anos e não conseguiu medalha. Depois de se afastar do esporte, com o início da Segunda Guerra Mundial, ela tirou brevê de aviadora e virou instrutora de muitos americanos que partiram para os combates aéreos na Europa. Iris morreu em 24 de janeiro, aos 104 anos.
Publicado em VEJA de 7 de fevereiro de 2025, edição nº 2930
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