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Crise deixa Hospital da Polícia Militar lotado no Espírito Santo

Trinta policiais militares receberam atestado para não comparecer ao trabalho por danos psicológicos

Por Maria Clara Vieira, de Vitória (ES)
Atualizado em 4 jun 2024, 19h52 - Publicado em 12 fev 2017, 12h14
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  • Trinta policiais deram entrada no Hospital da Polícia Militar do Espírito Santo na madrugada deste domingo com sintomas de estresse e transtorno de ansiedade generalizada. O “surto” aconteceu durante a operação promovida pelo governo para retirar os militares de dentro do Comando Geral da Polícia de Vitória de helicóptero. O clima durante a ação no quartel foi bastante tenso, com mulheres e familiares de PMs impedindo o acesso de ambulâncias ao local e acusando os oficiais de estarem retirando os policiais à força.

    A assessoria da Secretaria de Segurança negou o uso da força e informou que os setenta militares transportados em aparelhos da FAB e da própria PM desistiram da greve por conta própria. Já os PMs atendidos no hospital afirmam que os oficiais fizeram tortura psicológica para que eles abandonassem a paralisação.

    Um médico militar que pediu para não ser identificado deixou seu plantão em outra unidade e compareceu ao HPM por volta das 22h para auxiliar o atendimento às dezenas de policiais que chegaram ao longo da noite. “Alguns apresentavam sintomas como taquicardia, tremores, pressão alta, fortes dores de cabeça e no peito”, ressaltou o médico. Quando VEJA deixou o HPM, ainda havia 19 pessoas na fila pelo atendimento.

    O médico também afirmou ter socorrido dois policiais que ameaçavam cometer suicídio – um deles seria um militar aquartelado no Centro de Comando, e outra uma jovem policial que estava em casa, em Vila Velha.

    Relatos

    Membro da corporação há um ano, o soldado T., de 28 anos, estava de férias e foi convocado para trabalhar neste sábado. Apresentou-se como de costume no quartel, porém foi impedido de sair pelo grupo de mulheres que guardavam os portões. “Quando o helicóptero pousou para nos tirar do quartel central, os oficiais nos diziam que quem não entrasse seria excluído da corporação. Já na fila do embarque, comecei a pensar em tudo o que aconteceu e me desesperei”, disse o soldado, a quem os médicos receitaram calmantes.

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    Por volta das 23h, E. foi avisado de que o filho, um soldado de 23 anos, fora transferido do quartel, onde estava preso desde segunda-feira, para o Hospital da PM. “Ele dizia que havia policiais chorando por todos os lados”, contou a VEJA. O filho da aposentada Maria da Penha Lima, de 54 anos, quebrou o dedo ao tentar pular o portão de uma unidade da polícia. O rapaz de 26 anos chegou ao HPM com pressão alta. “Vai passar a semana à base de calmantes”, afirmou Maria da Penha.

    O estresse também afetou policiais de patentes mais altas. Na última quinta-feira, o tenente-coronel da Polícia Militar Carlos Alberto Foresti, responsável pelo Centro de Operações da PM, teve uma crise nervosa ao saber do atentado contra dois militares na cidade de Cariacica, na região metropolitana da Grande Vitória. Foresti foi medicado no HPM.

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