Conheça três rotas imperdíveis para os amantes do café
Cidades resgatam a importância histórica do café e oferecem roteiros para degustar os melhores grãos e aprender sobre um dos principais produtos do país
O café é um dos produtos de alta relevância na rotina do brasileiro. A afirmação não se trata de um exagero. Existem aqueles que nem sequer conseguem sair de casa rumo ao trabalho sem antes beber uma xícara. Mais que evitar a sonolência pós-almoço, a bebida faz parte do dia a dia e do paladar da população. Além disso, se olharmos um pouco para a histórica relação entre o Brasil e o café, veremos que se trata de uma indústria que ajudou o próprio país a se desenvolver.
Nos últimos anos, os cafés estão ganhando uma nova área: o turismo. Aceleradas pelo crescimento dos grãos especiais, diversas fazendas e até mesmo cidades estão criando as suas próprias rotas cafeeiras. Além de explicar todo o contexto histórico do grão, esses locais permitem a degustação da bebida que são verdadeiramente sofisticadas. Os espaços mais populares estão localizados nas regiões interioranas dos estados de São Paulo e Minas Gerais, que sempre foram responsáveis pela maior produção do grão em terras brasileiras.
Há, no entanto, opções que são tão boas quanto, que vão do Sul do país até o Nordeste. “É um tipo de turismo que vem crescendo, mas que ainda apresenta um grande potencial para o futuro”, diz Marta Poggi e Borges, diretora da Strategia Consultoria, especializada em turismo. “É só pegar como comparação as procuradas rotas de vinho e queijo em diversos países da Europa e até da América do Sul.” Conheça três locais com roteiros procurados pelos aficionados pelo café:
Paraná
No Paraná, a rota do café é encontrada ao norte do estado e está distribuída em nove municípios. O destino percorre 200 quilômetros e possui mais de 30 pontos de parada – que vão desde museus até fazendas históricas, que contam com uma gastronomia especializada em café. O objetivo dessa rota é resgatar a cultura do local, assim como as características da população.
Isso porque as cidades do norte foram a porta de entrada para a colonização no estado. Com o fortalecimento do café em São Paulo, os impostos para a plantação no local passaram a aumentar. Desse modo, os fazendeiros na época encontraram no norte do Paraná um destino para cultivar os grãos. A propagação do café foi determinante para a economia da região no século 20, que ganhou ferrovias e mais de 200 cidades.
Entre os principais destinos da rota do Paraná está a cidade de Londrina, que desde 2009 realiza o passeio a fim de resgatar a tradição e cultura cafeeira do município.
Santos (SP)
A ligação da cidade de Santos, no litoral paulista, com o café pode ser explicada nos números. Por lá passam 85% de todos os grãos exportados do país – foram 26,1 milhões de sacas em 2017. O resultado coloca o município como o maior exportador do mundo.
E esse movimento acontece desde o século 19. Não à toa, a cidade portuária se desenvolveu muito por conta do setor cafeeiro. Diante de todo o contexto histórico, as agências de turismo de Santos apostaram na criação de um roteiro do café. Entre os espaços visitados estão as tradicionais ruas do Comércio e XV de Novembro, onde há diversas empresas de exportação de café, construções de séculos passados e locais históricos para o setor.
Além disso, é possível visitar o Museu do Café, a casa de torrefação Rei do Café e a Estação do Valongo, a primeira do estado de São Paulo para transporte do café. Além disso, desde 2015, a prefeitura de Santos organiza o Festival do Café no mês de julho. “Queremos demonstrar toda a riqueza do café e a importância dele para a região”, afirma Ana Kader, chefe da sessão de serviços turísticos da prefeitura.
No ano passado, 48 000 pessoas participaram dos três dias de evento, que engloba experiências gastronômicas e históricas. Sempre com os grãos de café envolvidos, claro.
Mulungu, Guaramiranga, Pacoti e Baturité (CE)
Apesar da quantidade de municípios cearenses envolvidos, a Rota Verde do Café, a 100 quilômetros da capital Fortaleza, é apenas uma só. O roteiro foi construído pelo Sebrae Ceará juntamente com os cafeicultores da região da Serra do Baturité, que é uma área de proteção ambiental de mais de 32 600 hectares.
É exatamente nessa região onde se encontram cafés que são cultivados literalmente à sombra das árvores e matas, totalmente protegidos dos raios solares. O resultado é um solo mais fortalecido de nutrientes, adubado com as palhas do grão, que dá origem a uma bebida pura, 100% arábica.
Para completar, toda a colheita é feita por pequenos agricultores de forma artesanal. Ou seja, de uma vez só, os visitantes experimentam um dos melhores cafés do país, apreciam uma área totalmente preservada no Nordeste brasileiro e contribuem para o desenvolvimento de toda uma região.