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Com medo, população evita sair de casa no Espírito Santo

Mesmo com a presença de mil homens das Forças Armadas e 200 da Força Nacional, sensação de insegurança é grande na região metropolitana de Vitória (ES)

Por Da redação
Atualizado em 7 fev 2017, 15h32 - Publicado em 7 fev 2017, 10h10

A falta de policiamento no Espírito Santo causou uma onda de assaltos, arrastões e tiroteios no estado desde o fim de semana, o que tem levado os capixabas a evitarem sair às ruas da Grande Vitória, mesmo após o governo federal, por determinação do presidente Michel Temer, ter deslocado soldados das Forças Armadas e homens da Força Nacional de Segurança para fazer o patrulhamento. Sem policiais pela cidade, lojas foram saqueadas e o número de assaltos e homicídios cresceu nos últimos dias, embora o governo do estado não tenha números precisos das ocorrências.

O caos começou a se instaurar, principalmente na região metropolitana de Vitória, desde sábado, quando parentes de policiais militares começaram a protestar em frente aos batalhões impedindo a saída dos veículos, o que praticamente deixou as ruas sem policiamento. Os PMs, que são proibidos por lei de fazer greve, reivindicam reajuste salarial e pagamento de auxílio-alimentação, auxílio-periculosidade, insalubridade e adicional noturno aos PMS.

Mesmo com cerca de mil militares e 200 homens da Força Nacional nas ruas, a sensação de insegurança é grande no estado, o que levou o governo a adiar a volta às aulas na rede pública, prevista para segunda-feira, e a restringir o atendimento em postos de saúde. Outras repartições públicas estão fechadas por falta de segurança. Ao menos dois ônibus foram queimados na noite de segunda-feira em Serra, na região metropolitana.

“Os efeitos são desastrosos. Quem deveria estar cuidando da população não está cuidando. Quando as polícias não funcionam, temos que recorrer a recursos federais, até que a gente possa retomar a normalidade”, disse na segunda-feira o secretário estadual de Segurança Pública, André Garcia. O governador Paulo Hartung (PMDB) está internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde se submeteu a uma cirurgia para retirada de um tumor. O estado está sendo comandado interinamente pelo vice-governador César Colnago (PSDB).

Superlotado após a alta de mortes, o Departamento Médico Legal (DML) da capital foi fechado na segunda-feira por orientação da Polícia Civil. Eram quase 30 corpos no local, que tem só 12 gavetas frigoríficas, segundo o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Espírito Santo (Sindepes). “Parecia campo de guerra da Síria”, disse Rodolfo Laterza, presidente da entidade. “Havia 16 cadáveres no chão”, completou. Segundo um dos agentes, que pediu para não ser identificado, o número de ocorrências atendidas pela perícia aumentou nos últimos dias de forma exponencial.

Crise de segurança no Espírito Santo
Corpo é conduzido por membros do Instituto de Ciência Forense em Vitória, durante paralisação dos policiais militares – 07/02/2017 (Paulo Whitaker/Reuters)

O metalúrgico Prisleno Cesário Alves, de 27 anos, soube da morte do irmão Cleiton, de 34, quando recebeu uma foto pelo WhatsApp – imagens das vítimas dos crimes e vídeos de ataques a lojas têm circulado nas redes sociais. “Reconheci pelo rosto e pela tatuagem no braço”, contou Prisleno, que chegou ao DML na segunda-feira, à noite. Segundo ele, o irmão era foragido da Justiça e pode ter sido vítima de uma emboscada.

Os olhos marejados da comerciante Tânia Regina Campos Chagas, de 49 anos, resumiam a tristeza de quem dali a alguns minutos iria reconhecer o corpo do filho Talisson, de 23 anos. “Ele estava envolvido com droga”, contou. “Acho que foi morto por uma gangue rival.”

Dona de um bar e mãe de outros dois, ela acredita que o assassinato do jovem foi consequência direta da greve da PM. “Nunca vi disso aqui na cidade. Está uma verdadeira bagunça.”

Tensão

A ajudante de cozinha Ana Rita Cardoso, de 28 anos, teve o celular roubado na noite de domingo. Na segunda-feira, ela conseguiu carona para ir ao restaurante onde trabalha, mas foi liberada pelo dono do estabelecimento, que não abriu as portas.

“Não sei como vou embora. Não tem ninguém para ir comigo ao ponto de ônibus ou me levar em casa”, disse Ana Rita, pela manhã. Quando possível, muitos trabalharam de casa.

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“Estou dentro de casa, mas já pus um sofá escorando a porta da sala”, contou o auxiliar administrativo Wanderley Casagrande, de 29 anos, de Vila Velha.

Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, mais de 200 lojas foram saqueadas. No fim da tarde, um supermercado no bairro Ilha de Santa Maria, que havia fechado três horas mais cedo, foi alvo de saques. “Foram ao menos 300 pessoas”, relatou Rodrigo Passos, supervisor do estabelecimento. Às 21 horas, ele tentava seguranças particulares para o local, que tinha vidros e um caixa eletrônico quebrados, além de produtos espalhados pelo chão. Do lado de fora, soldados já faziam patrulhamento.

Só na segunda-feira, foram registradas 200 ocorrências de furto ou roubo de veículos na delegacia especializada nesse tipo de crime em Vitória.

(Com Estadão Conteúdo)

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