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Relação entre EUA e Brasil ‘muda muito pouco’ com Trump, diz deputado do PT

Jilmar Tatto, secretário de Comunicação do partido, afirmou, em entrevista a VEJA, que a vitória do republicano, porém, 'é uma tragédia para a democracia'

Por Da Redação Atualizado em 8 nov 2024, 13h19 - Publicado em 8 nov 2024, 09h45
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  • O deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), secretário de Comunicação do partido, afirmou, em entrevista ao programa Os Três Poderes, de VEJA, desta sexta-feira, 8, que a relação entre os Estados Unidos e o Brasil “muda muito pouco” com a eleição de Donald Trump. Ele ressaltou, contudo, que a vitória do republicano “é uma tragédia para a democracia”.

    “A vitória do Trump é uma tragédia para a democracia pelas posições que ele teve quando foi presidente e pelo não aceitamento da derrota dele. É uma tragédia também do ponto de vista da luta pela preservação ambiental e do planeta”, afirmou. “A questão da relação do Brasil com os EUA muda muito pouco. Não vai ter ruído nenhum em relação a isso nas relações comerciais e mesmo política”, acrescentou.

    Sobre o Brasil, o parlamentar defendeu maior diálogo com o centro e “correções” de olho na eleição de 2026. Tatto avaliou também que o que aconteceu nas eleições municipais “não foi nenhuma tragédia” e que há diferenças entre cada pleito.

    “Cada eleição é uma eleição, e o comportamento do eleitor é de um jeito. O fato é que tem um movimento no mundo e aqui no Brasil de um eleitor sendo mais conservador, votando mais no centro e menos na extrema direita. Um eleitor mais de centro, não tanto à esquerda e não tanto à extrema direita. Estamos fazendo essa avaliação e em dezembro vamos fazer esse balanço das eleições municipais e preparar já o olhar em relação à eleição de 2026, tanto a reeleição do presidente Lula como montar os palanques nos estados”, disse o deputado.

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    “Algumas correções precisam ser feitas para preparar para a reeleição do presidente Lula, e não é nenhuma tragédia ao nosso ver o que aconteceu nas eleições municipais”, completou. Ele também disse que o PT “tem que ficar onde sempre esteve”. “Nós temos que ter uma preocupação de criar e ter relações com o centro. A vitória do Lula foi porque criamos uma frente ampla, é um governo de alianças”, salientou.

    “Olha o movimento que nós fizemos na Câmara Federal agora em apoiar a candidatura do Hugo Motta (à presidência da Câmara). Qual foi a base (de apoio)? Aprovar os projetos do governo federal, dar estabilidade política, dar governabilidade, não ter impeachment, ter proporcionalidade na Câmara. É dessa maneira que o PT tem que se posicionar. Não podemos entrar em aventura nenhuma. Hoje nós temos que dialogar com os partidos de centro para governar e, ao mesmo tempo, criar um palanque para que esses partidos estejam conosco em 2026″, completou Tatto.

    Por fim, ele falou também sobre o esperado pacote de corte de gastos do governo Lula, prometido pela equipe econômica para depois das eleições municipais. “Não pode pedir para nós, para o Lula, para o governo do PT fazer ajustes que os liberais não fizeram quando governaram. Fazer ajustes que o Bolsonaro, que o Paulo Guedes não fez, porque nós não vamos fazer. Nós não vamos ceder um milímetro e não vamos prejudicar aquilo que é a razão da existência do PT. E nós não vamos rasgar o nosso programa que foi o que o povo elegeu”, ressaltou.

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    “Esses ajustes é para caber no arcabouço fiscal, que é necessário. E acho que esses ajustes são muito mais pensando a longo prazo do que a curto prazo. Vamos ver o que vem. Nós não podemos fugir da cobra antes de ela aparecer, Acho que não vai ser tão afiada essa mordida e esses ajustes serão feitos”, finalizou o petista.

    O programa foi transmitido na plataforma de streaming VEJA+ e nos canais digitais de VEJA, com apresentação de Marcela Rahal e análises de Matheus Leitão e Ricardo Rangel. O deputado federal Jilmar Tatto, do PT, foi o convidado da edição.

    Trump venceu. E agora?

    De forma surpreendente, Donald Trump atropelou Kamala Harris para voltar à presidência dos EUA a partir de 2025. Conforme mostra capa de VEJA desta semana, o republicano também ganhou maioria no Congresso, o que pode deixá-lo com o caminho livre para agir. O segundo mandato do magnata indica também transformações na política e na economia do planeta. No Brasil, teme-se desde já o impacto negativo do prometido tarifaço no superávit que o país registra na balança comercial bilateral. Além disso, devem pesar os laços ideológicos do presidente eleito com Jair Bolsonaro, o que pode prejudicar a relação com Lula.

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    ­Tempo de cortar gastos no Brasil­

    A escalada da dívida pública, que saltou de 72% para 79% do PIB em apenas vinte meses, exige medidas duras por parte do governo Lula. O consenso entre os principais economistas do país, porém, é de que o prometido pacote fiscal não atacará as raízes do problema. Para os analistas, ele servirá apenas para salvar o arcabouço fiscal, sem as consequências mais profundas esperadas pelo mercado financeiro e que causam turbulências no país. O pessimismo vem, sobretudo, pela aparente má vontade do presidente em bancar ações mais enérgicas para arrumar a casa, o que é urgente. Nesta sexta-feira, 8, o governo voltará a reunir sua equipe econômica, liderada pelo ministro Fernando Haddad, para tratar do assunto. Se bem executado, o ajuste pode gerar uma grande economia ao país nos próximos anos.

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