Após sofrer um distúrbio de compulsão alimentar desencadeado por stress e engordar 20 quilos, está recuperada? Não dá para dizer que estou 100% curada, porque esse é um processo longo, mas mais saudável, sim, sem dúvida. Tenho uma base de apoio forte entre meus amigos e familiares, e hoje faço terapia. Quando entendi os gatilhos que despertavam o comportamento compulsivo, comecei a tomar controle de mim mesma.
Como se sentiu diante dos vários ataques por seu ganho de peso nas redes sociais? Doeu e me afetou profundamente, mas acabou ajudando a me libertar de ciclos tóxicos que só me machucavam. Com a maturidade, aprendemos a observar que certas situações precisam acontecer para que a gente se mexa e tente mudar para valer.
Chegou a ter vergonha de postar fotos e exibir sua nova forma? Já senti vergonha no passado, não queria mostrar minhas imperfeições. Dessa vez, não. Também não corri para me adequar à forma física que me cobravam, fazendo loucuras com a saúde. É essencial não ficar cultivando essa expectativa de um corpo perfeito. Sei bem que ela é irreal e frustrante.
Você embarcou em uma dieta e compartilha seus progressos nas redes. É uma espécie de prestação de contas à sociedade? Nada disso. O que acontece é que me preocupo com a minha saúde e decidi fazer uma mudança geral, da alimentação aos exercícios físicos. Ganhei muito peso, mas o meu biótipo é outro, é natural que eu perca o excesso. No momento, estou gravando um novo longa-metragem com muitas cenas de ação e tive de treinar diversas modalidades. Acabou me ajudando a emagrecer.
Ainda se considera um símbolo sexual? Na verdade, nunca me considerei. As pessoas é que sempre me colocaram nesse lugar, e fico grata, desde que a expectativa sobre minha imagem não passe do limite. Com certeza dá para ser sexy estando acima do peso. Agora, o que a gente precisa mesmo é lutar contra essa ideia de que as mulheres têm de estar o tempo todo felizes e maravilhosas.
Já foi repreendida por falar de forma aberta sobre sua sexualidade? Minha família e aqueles que realmente gostam de mim sempre me apoiaram, mas pessoas desconhecidas às vezes reclamam. A mulher livre incomoda, sempre incomodou. Eu continuo falando de sexo quando sinto vontade porque faz parte de quem eu sou. Para mim, não é tabu.
A imagem de mulher sexy prejudica a credibilidade? A sociedade machista tenta minar a credibilidade de mulheres livres e que tratam com coragem dos assuntos que as interessam. Esse tipo de opressão não acontece só comigo, mas com qualquer uma que seja dona de si, que conheça suas qualidades e que se faça ouvida.
Publicado em VEJA de 23 de dezembro de 2020, edição nº 2718