Classe D foi a que menos acessou serviços contra a violência na pandemia
Embora classes mais altas tenham recorrido mais frequentemente a esses serviços, a taxa média de demanda ainda é pequena

Uma nova pesquisa, realizada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal junto ao Kantar, revelou que, no Brasil, os serviços de proteção contra violência (como aqueles oferecidos pelo Conselho Tutelar e pelo Ministério Público) foram pouco acessados durante a pandemia, ainda que o número de denúncias tenha aumentado significativamente. Além disso, a classe D foi a que menos buscou esse tipo de serviço no período.
De acordo com o levantamento, entre todas as classes sociais, a procura por serviços de prevenção à violência ficou abaixo dos 15%, taxa considerada bastante pequena. Entre as classes B2 Interior e D, consideradas mais baixas, a demanda foi de somente 8% e 6%, respectivamente.
O estudo menciona que uma das hipóteses que explicaria os resultados seria a dificuldade de acesso ou o desconhecimento dessas políticas protetoras por parte da população, sobretudo a porção mais vulnerável.
Uma possível solução seria fortalecer os programas de visitação domiciliar, por meio dos quais famílias podem ser apresentadas a esses serviços e ganhar recursos em casos de violência. Atualmente, o acesso a esses programas ficou na casa dos 20% entre todas as classes sociais.
Em tempos de pandemia, nos quais a incidência de casos de violência doméstica cresceu, segundo estudos, seria de se esperar que a demanda por ajuda do Ministério Público ou até do Conselho Tutelar, em casos envolvendo crianças ou adolescentes, cresceria. Entretanto, conforme aponta a pesquisa, o pouco conhecimento acerca dos serviços públicos oferecidos pode ter prejudicado a busca por ajuda nessas situações.