CFM diz haver médicos suficientes e que país deve oferecer condições
Ministério da Saúde vai lançar um edital para médicos brasileiros que queiram ocupar as vagas que serão deixadas pelos profissionais cubanos
O Conselho Federal de Medicina (CFM) se manifestou sobre o anúncio do governo de Cuba de retirada de seus profissionais do Programa Mais Médicos. O CFM afirma que o Brasil conta com médicos formados em número suficiente para atender às demandas da população.
“Para estimular a fixação dos médicos brasileiros em áreas distantes e de difícil provimento, o governo deve prever a criação de uma carreira de Estado para o médico, com a obrigação dos gestores de oferecerem o suporte para sua atuação, assim como remuneração adequada”, diz o conselho em nota.
O texto ressalta que cabe ao governo oferecer aos médicos brasileiros condições adequadas para atender a população. Infraestrutura de trabalho, apoio de equipe multidisciplinar, acesso a exames e a uma rede de referência para encaminhamento de casos mais graves são os itens apontados pelo CFM que o governo precisa garantir para os profissionais brasileiros desempenharem suas funções.
O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (14) que vai lançar um edital nos próximos dias para médicos brasileiros que queiram ocupar as vagas que serão deixadas pelos profissionais cubanos que integram o programa Mais Médicos, que atende população que vive em áreas carentes e periferias. Segundo o ministério, 8.332 vagas são ocupadas por esses profissionais.
As autoridades cubanas afirmaram que seus profissionais deixarão o programa por discordarem de exigências feitas pelo novo governo, como a revalidação dos diplomas.
Sem a necessidade de passarem pela validação de diplomas no país, conforme decidiu em 2017 o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente eleito Jair Bolsonaro também afirma que “não há comprovação” de que sejam, de fato, médicos, e questionou a aptidão dos cubanos.
“Se esses médicos fossem bons profissionais, estariam ocupando o quadro de médicos que atendiam o governo Dilma no passado, e não é dessa forma. Vocês mesmos, eu duvido quem queira ser atendido pelos cubanos, porque não temos qualquer comprovação de que eles são médicos. Se fizer o Revalida, salário integral e poder trazer a família, eu topo continuar com o programa”, declarou.
Indagado sobre se concederia asilo aos médicos cubanos que pedirem, Bolsonaro disse que sim. “Se eu for presidente e o cubano quiser pedir asilo aqui, vai ter”, afirmou. “Temos que dar o asilo às pessoas que queiram, não podemos continuar ameaçando como foram ameaçados pelo governo passado”, completou.
Bolsonaro também voltou a criticar o que considera “desumanidades” no Mais Médicos, como a manutenção de familiares dos médicos em Cuba e o envio de parte dos salários ao país caribenho.
(Com Agência Brasil)