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Cerco na política e no Judiciário testou resistência de Bolsonaro em 2023

Para alguns dos aliados mais próximos, o capitão tem chances reais de levá-lo à cadeia num futuro próximo

Por Sergio Ruiz Luz Atualizado em 24 dez 2023, 08h05 - Publicado em 24 dez 2023, 08h00
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  • Dentro da mania de se autoelogiar da forma mais chula possível, Jair Bolsonaro adora se vangloriar de ter reservas de energia de sobra. Sempre que se encontra no meio de uma plateia típica do cercadinho dos tempos de Alvorada, arranca risos dos fãs repetindo um de seus mantras prediletos: “Imbrochável, incomível e imorrível”. Essa propalada capacidade de resistência do capitão nos campos da política e do Judiciário nunca foi colocada tão à prova quanto em 2023. Em junho, o primeiro golpe veio na forma da sentença do TSE que o tornou inelegível por oito anos devido a uma reunião do então presidente com embaixadores, na qual ele questionou a segurança do sistema eleitoral brasileiro. A tempestade perfeita de infortúnios tomou forma definitiva com a delação à Polícia Federal de um de seus colaboradores mais próximos, o tenente-coronel Mauro Cid, cujos principais pontos foram antecipados por reportagem de capa de VEJA. Segundo a confissão, Mauro Cid contou que vendeu dois relógios recebidos pelo governo após determinação de Bolsonaro, repassando em espécie o valor ao seu então chefe. O delator acrescentou ainda que testemunhou reunião na qual teria sido discutida com a presença do ex-presidente a minuta do golpe encontrada nos arquivos do celular do tenente-coronel (informação também antecipada por VEJA em outra reportagem de capa). No encontro em questão, ainda de acordo com o depoimento de Mauro Cid, com a presença da cúpula das Forças Armadas, foi apresentado o texto que serviria como um roteiro para anular o resultado das eleições de 2022, impedir a posse do petista Luiz Inácio Lula da Silva e manter Bolsonaro no poder. Se não bastasse, a CPI dos Atos Golpistas pediu o indiciamento do ex-presidente por esforço deliberado para estimular a adesão de simpatizantes a atos antidemocráticos, o que culminou nas invasões às sedes dos poderes da República em 8 de janeiro. Para alguns dos aliados mais próximos, como o advogado Frederick Wassef, esse cerco que se formou ao redor do capitão tem chances reais de levá-lo à cadeia num futuro próximo. A ver. Bolsonaro, por ora, ainda se considera “imprisionável”.

    Publicado em VEJA de 22 de dezembro de 2023, edição nº 2873

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