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Carta ao Leitor: Respostas urgentes

Diante da grave ameaça às instituições, as consequências precisam ser rígidas

Por Da Redação Atualizado em 21 nov 2024, 20h13 - Publicado em 21 nov 2024, 19h40

Grave. Repugnante. Estarrecedor. Hediondo. Esses adjetivos não bastam para classificar os planos de assassinato do presidente Lula, do vice, Geraldo Alckmin, e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Muito já foi dito sobre a tentativa de golpe orquestrada por alguns militares e pessoas ligadas ao governo de Jair Bolsonaro para impedir a posse da chapa eleita em 2022 — que culminaria na infâmia do 8 de Janeiro do ano seguinte. Em junho do ano passado, VEJA conseguiu com exclusividade informações em torno da engrenagem antidemocrática, revelada numa capa com o título “O roteiro do golpe”. Mas nada, nem de longe, se compara aos detalhes sórdidos que surgiram na investigação que resultou na prisão de militares — entre eles, um general — que planejavam não apenas a prorrogação do poder, na marra, como também a execução daqueles que os criminosos consideravam obstáculos a seu projeto.

Por qualquer ângulo que se olhe, o plano Punhal Verde e Amarelo — eis o nome ridículo da tentativa de golpe — é chocante. Como mostra reportagem da edição, o planejamento, a ousadia e a frieza chamam a atenção pela organização, pelas minúcias, um trabalho de preparação que incluía desde as armas que seriam utilizadas, passando pelo monitoramento dos alvos, até a melhor maneira de assassiná-los. Era uma ode à loucura, em completa desconexão com os valores democráticos e republicanos — e no avesso da realidade de um país como o Brasil, apesar da polarização ideológica. Os criminosos acreditavam sair impunes. Imaginavam, tolos, poder fugir do crivo da sociedade, que havia acabado de escolher um presidente. Supunham não haver reação, com a economia seguindo seu curso, diante do olhar benévolo de países com os quais o Brasil mantém relações diplomáticas. Absurdo.

NAS CAPAS DE VEJA - A tentativa de golpe do 8 de Janeiro (à dir.) e as minúcias da trama: risco institucional
NAS CAPAS DE VEJA – A tentativa de golpe do 8 de Janeiro (à dir.) e as minúcias da trama: risco institucional (./VEJA)

Diante da grave ameaça às instituições, as consequências precisam ser rígidas. As informações coletadas pela Polícia Federal não vieram de delações ou de depoimentos, mas, sim, de documentação consistente a partir de mensagens e arquivos. Não há dúvida nenhuma das intenções. É algo sólido, palpável. As penas para esses bandidos devem estar à altura de seus atos. Em paralelo, a investigação não pode parar. Os cinco golpistas presos atuaram sozinhos ou havia mais pessoas na cadeia de comando? Qual o papel exato de figuras como o general Braga Netto, candidato a vice na chapa derrotada, nessa operação? E, fundamentalmente, Jair Bolsonaro sabia ou participou de alguma maneira do ensaio de terror? São questões sensíveis, que podem mudar a história do Brasil. Contudo, para seguir em frente, o país exige respostas urgentes.

Publicado em VEJA de 22 de novembro de 2024, edição nº 2920

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