Carta ao Leitor: Páginas da história
Desde a primeira edição da revista, há 52 anos, 2 719 nomes dos quatro cantos do mundo concederam entrevistas às Páginas Amarelas, espaço nobre da imprensa

Joia do estilo eclético inspirada na Ópera de Paris, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, inaugurado em 1909, impressiona seus frequentadores pela portentosa sala de espetáculos, uma das maiores do país, com suas 2 252 poltronas de veludo vermelho distribuídas por cinco pisos. Apesar do tamanho, o teatro seria pequeno para receber todos os chefes de Estado, escritores, artistas, cientistas e personalidades que já concederam entrevistas publicadas nas Páginas Amarelas de VEJA. Na verdade, se fossem reunidos ali, quase 500 deles teriam de ficar aglomerados nos salões e escadarias, bem longe do palco. Desde a primeira edição da revista, há 52 anos, 2 719 entrevistados dos quatro cantos do mundo fizeram revelações e tiveram suas opiniões, pontos de vista e depoimentos expostos nesse espaço nobre da imprensa brasileira. É uma longuíssima fila de figuras históricas iniciada pelo genial — e controverso — escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, em junho de 1969.
Como mostram as imagens estampadas acima, os nomes reunidos pela seção de VEJA impressionam: Bill Gates ainda jovem e já bilionário aos 36 anos; o poeta Carlos Drummond de Andrade em sua primeira longa entrevista a um jornalista, em 1980; o colombiano Gabriel Garcia Márquez dois anos antes de receber o Prêmio Nobel de Literatura; o ditador cubano Fidel Castro no ápice do poder e loquacidade e o presidente americano Ronald Reagan no auge do poder de seu segundo mandato, em 1986. A entrevista de Reagan foi um marco e ocupou sete páginas da publicação. Em tempos mais recentes, as Amarelas de VEJA deram voz a personalidades como a ativista sueca Greta Thunberg, o empresário Richard Branson, o ator Daniel Craig e a atriz americana Jane Fonda, que em 2019, no alto de seus 81 anos, se sentiu à vontade para chamar o presidente Jair Bolsonaro de “patético” em sua entrevista.
Nesta edição, as Amarelas se abrem a uma inovação. Distribuídas por quatro páginas, trazem o economista Armínio Fraga como entrevistador do também economista Angus Deaton, escocês de nascimento, professor da prestigiada Universidade Princeton (que teve Albert Einstein entre seus docentes) e prêmio Nobel de Economia de 2015. Fraga, que nas últimas duas décadas já ocupou o espaço como entrevistado seis vezes, a primeira delas em agosto de 1999, quando era presidente do Banco Central, conversa com Deaton sobre dois temas particularmente relevantes para o país: desigualdade e mobilidade social. O resultado do encontro dessas duas mentes brilhantes começa na página 8. Boa leitura.
Publicado em VEJA de 14 de julho de 2021, edição nº 2746