A permanente reflexão sobre as trilhas que podem levar o Brasil a dar um salto rumo ao rol dos países de elevado bem-estar é uma das grandes missões de VEJA, que, para isso, conta em suas páginas com um time de especialistas da mais alta qualidade em distintas áreas do saber. Cada qual com sua visão de mundo, em seu conjunto eles conferem pluralidade a debates vitais ao país e são movidos por um mesmo objetivo: abrir as janelas do pensamento e alçar relevantes discussões do terreno superficial, em que infelizmente costumam se situar nos ambientes virtuais, a um nível em que possam iluminar os caminhos para o desenvolvimento. É nesse contexto que ingressa nessa prestigiada lista um dos grandes nomes da educação brasileira, Cristovam Buarque, 79 anos, há quatro décadas dedicado às candentes questões do ensino, onde colecionamos notas vermelhas ranking após ranking, ano após ano.
Primeiro reitor da Universidade Nacional de Brasília eleito democraticamente depois da ditadura, nos anos de 1980, e ministro da Educação no primeiro governo Lula, Buarque, engenheiro e doutor em economia, ingressou na política no PT, depois migrou para o PDT, sendo governador do Distrito Federal entre 1995 e 1998 e por duas vezes senador. Sua bandeira maior sempre foi resgatar o país da zona do mau ensino e desemperrar as engrenagens de um sistema que ainda produz milhões de analfabetos — este, seu assunto na coluna quinzenal que estreia na presente edição. Ele lembra, de forma acertada e enfática, que uma sala de aula capaz de preparar as novas gerações para os complexos desafios deste século XXI não é fruto do acaso, mas de um esforço nacional concentrado e de horizonte dilatado. Todos os países que atingiram a excelência, entre eles Finlândia, Canadá e Singapura, fizeram bem sua lição de casa, sem se deixar enredar na armadilha de querer inventar a roda nem mudar de direção ao sabor dos ventos da política.
Como já dizia o economista americano James Heckman, agraciado com um Prêmio Nobel, a tarefa de prover conhecimento de qualidade às crianças deve começar tão cedo quanto possível, de modo que se ergam alicerces sólidos para formar adultos produtivos e inovadores — duas qualidades tão caras a uma economia moderna. Na tarefa de pensar o Brasil, fazem companhia a Buarque em VEJA figuras como os cientistas políticos Fernando Schüler e Murillo de Aragão e outro ex-ministro, o economista Maílson da Nóbrega, que chefiou a pasta da Fazenda. São todos autores de colunas esclarecedoras, que servem de antídoto contra a ligeireza das redes e o veneno das fake news. Abrindo espaço para opiniões tão abalizadas, VEJA dá sua contribuição na busca de ideias para que o país evolua e alcance o brilhante futuro que tantas vezes lhe escapou por entre os dedos.
Publicado em VEJA de 12 de julho de 2023, edição nº 2849