A campanha para convencer o comitê do Nobel da Paz a conceder o prêmio ao cacique Raoni vai continuar até outubro de 2020, quando o próximo vencedor será anunciado. A empreitada tem sido capitaneada pela Fundação Darcy Ribeiro, responsável pela divulgação da candidatura nas redes sociais e por um abaixo-assinado online com cerca de 6.000 assinaturas.
Nesta sexta-feira, 11, em vídeo, o líder indígena agradeceu o apoio que recebeu para a premiação deste ano, que concedeu o título ao primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, em cerimônia realizada em Oslo, na Noruega.
De acordo com o vice-presidente da fundação, Toni Lotar, a oficialização da candidatura de Raoni ocorreu há algumas semanas, o que o configura apenas como concorrente à próxima edição do prêmio. “A eventual premiação já em 2019 seria por conta de uma prerrogativa do próprio Norwegian Nobel Committee (que escolhe o vencedor), que pode incluir na seleção final nomes não indicados até 31 de janeiro”, disse.
Apesar de improvável, as apostas na vitória do cacique caiapó para este ano ganharam corpo há algumas semanas, depois das críticas a Raoni feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante seu discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), no fim de setembro.
Os ataques ao líder indígena se prolongaram em ao menos duas falas do presidente nas semanas seguintes. Além de dizer que o cacique não representa todos os povos indígenas do país, Bolsonaro diz que Raoni é usado em nome de interesses de governos estrangeiros interessados na exploração da Amazônia.
As falas de Bolsonaro geraram reações de outras lideranças indígenas que foram às redes sociais defender a premiação do cacique. A campanha ganhou apoio de famosos, como o cantor Caetano Veloso, que compartilhou a hashtag #NobelRaoni, e do cantor Sting, antigo parceiro do líder indígena.