Braskem diz que área de mineração vai virar floresta
Processo de recuperação da natureza, com o crescimento de árvores nativas, vai levar de 30 a 40 anos
A área de mineração da Braskem que corre o risco de colapso em Maceió deverá ser transformada em uma floresta. A região onde a empresa pretende deixar a mata nativa crescer naturalmente abrange os cinco bairros afetados pelas atividades no subsolo. Desde 2018, foram registrados no local tremores de terra, com o registro de diversas rachaduras nas calçadas e nas paredes das residências próximas às minas. A situação é mais crítica no bairro Mutange, onde o solo afundou quase dois metros na semana passada. Lá fica a mina número 18, um do 35 poços onde a empresa extraía sal-gema.
Segundo a Novonor, controladora da Braskem, esse processo de regeneração da mata nativa levará algumas décadas. “Vamos ver as árvores nativas crescerem em todas esta área. Pensamos na criação de um grande parque público, mas nem parque público podemos fazer lá agora, só dá para fazer alguma coisa daqui a 30 ou 40 anos, depois que a floresta estiver formada”, disse a VEJA um dos executivos empresa.
Além de Mutange, deverão compor a nova floresta os bairros de Pinheiro, Bebedouro, Bom Parto e Farol. Nestes bairros, a Braskem já fechou 99% dos acordos com os moradores, que foram retirados para outros locais da capital alagoana. Nos acertos, foram indenizadas 55 mil pessoas, que deixaram 18.995 imóveis.
Os executivos da Novonor desaprovam qualquer comparação do desastre ambiental com o caso de Brumadinho, em Minas Gerais, quando barragens de romperam em 2019 e mataram 270 pessoas. Em Maceió, diz a Novonor, a Braskem se antecipou ao problema, indenizou as famílias antes mesmo que impetrassem ações no Judiciário e retirou os moradores.
Empresa diz que mineração começou com a estatal e que bairros foram ocupando área industrial
Para a Novonor, além da batalha em torno das indenizações e das reparações sociais, outra batalha a se vencida é a da comunicação. O executivo disse que a mineração na região começou em 1970, com a estatal federal Salgema S.A., criada no regime militar. O presidente Ernesto Geisel foi pessoalmente a Maceió durante seu governo para tranquilizar a população quanto à exploração do subsolo.
A empresa foi privatizada e hoje os maiores acionistas são a Novonor e a Petrobras. A empresa foi instalada em uma região industrial de Maceió, na época cercada por mata nativa, mas que posteriormente foi sendo ocupada por moradias. Além das indenizações, a Braskem fechou acordo de 1,7 bilhão de reais com a Prefeitura de Maceió para pagar infraestrutura pública dos bairros como asfalto, calçadas e construções que pertencem ao município.