O bispo de Rio Preto, Dom Tomé Ferreira da Silva, renunciou ao governo pastoral da Diocese de São José do Rio Preto, que ocupava desde 2012. O ato ocorreu depois que circulou pelas redes sociais um vídeo em que o clérigo aparece se masturbando em uma ligação com outro homem.
Em nota emitida nesta quarta-feira pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o bispo auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro e Secretário Geral da CNBB, D. Joel Portella Amado, informa apenas que o Papa Francisco aceitou a renúncia e que o Arcebispo de Ribeirão Preto, Dom Moacir Silva, irá assumir o posto.
VEJA teve acesso ao vídeo. O material, editado, parece ter sido criado para circular nas redes. No início, um aviso aparece na tela: “cenas fortes”, na sequência, o padre aparece se despindo e se masturbando. Ao final, um homem, cujo rosto é coberto por uma tarja, é mostrado como sendo o affair de Dom Tomé.
A atuação do bispo na cidade vinha sendo muito questionada por padres locais. Em 2018, ele foi acusado omitir escândalos sexuais ocorridos na Igreja. O próprio Bispo teria trocado mensagens íntimas com um jovem.
O comportamento sexual do clérigo já tinha sido objeto de desconforto nos bastidores da Igreja três anos antes, quando ele teria se envolvido com seu motorista e sacado grandes quantias em dinheiro da conta da diocese para encaminhar ao suposto amante. O caso ganhou as páginas dos jornais de Rio Preto e motivou uma visita do Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, que chegou a se reunir com religiosos.
Em nota, na época, Dom Odilo afirmou: “Naquela ocasião, além de conversar com o próprio bispo, também tive contato com outras pessoas (bispos, padres e leigos), e pude constatar a inconsistência das suspeitas ou acusações contra o bispo de São José do Rio Preto, divulgadas por autores de falsa identidade, ou de maneira anônima”. Procurado por VEJA, Dom Odilo não respondeu aos contatos da reportagem.
Segundo relatos de padres, o bispo se sentia perseguido. Em abril, durante a homilia em uma missa, Dom Tomé se queixou que os paroquianos deixaram de repassar 932 000 reais à diocese. O bispo teria, inclusive, contratado detetives particulares para seguir seis clérigos locais.
Até o momento, Dom Tomé não respondeu à reportagem.