O primeiro voo da Operação Raízes do Cedro, organizada pelo Governo Federal para resgatar brasileiros no Líbano em meio à escalada do conflito no Oriente Médio, deixou Beirute neste sábado, 5, às 13h28 (horário de Brasília), com 229 brasileiros a bordo. O voo segue rumo a Lisboa para reabastecimento, e de lá parte para São Paulo, com chegada prevista para o domingo, 6, na Base Aérea de Guarulhos, por volta das 10h — o horário está sujeito a alterações em função das condições de voo. Em nota, o Palácio do Planalto informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve recepcionar o grupo.
Além dos 229 brasileiros que serão repatriados, estão à bordo do avião da FAB três animais domésticos e uma equipe multidisciplinar composta por três médicos, dois enfermeiros e dois psicólogos destinado a atender os resgatados. “A equipe está realmente preparada para tratar qualquer que seja o problema de saúde que eles venham a apresentar durante o voo”, explicou o médico major Lopes em nota do governo federal.
Cerca de 20 mil brasileiros vivem hoje em território libanês — segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), ao menos 3 mil deles já demonstraram o desejo de deixar o país em meio à escalada dos bombardeiros de Israel. Em uma publicação feita no Instagram, o presidente Lula (PT) disse idosos, mulheres, crianças, grávidas e pessoas com deficiência tiveram prioridade para embarcar no primeiro voo.
Iates de luxo viram alternativa para fugir do Líbano
Desde que os ataques israelenses começaram, quase 2.000 pessoas foram mortas e mais de 1 milhão foram deslocadas. Em meio a explosões nas proximidades do aeroporto de Beirute, apenas a companhia aérea nacional do Líbano, a Middle East Airlines, voa para lá. Com voos escasso, as pessoas têm lutado pelos poucos assentos restantes, enquanto embaixadas como a brasileira têm fretado voos particulares para seus cidadãos.
Na tentativa de fugir do conflito, quem tem mais condição usa até iates de luxo para deixar o país. Segundo reportado pelo jornal The Guardian, a travessia até o Chipre, antes uma experiência turística da região, agora leva pessoas fugindo da guerra, e custa cerca de 1.800 dólares por assento — o tripo do que costumava ser.
Mesmo assim, a procura é alta. “As viagens estão lotadas, fizemos cerca de 30 viagens em nossos dois barcos desde que o bombardeio começou [em 23 de setembro]”, disse Khailil Bechara, um corretor que trabalha junto com capitães de navios na rota.
O Instagram está cheio de conteúdo patrocinado anunciando barcos para pessoas que querem fugir do Líbano por qualquer meio possível. A maioria dos libaneses, no entanto, não pode pagar por um espaço nos iates de luxo, e muitos não têm o visto necessário para desembarcar na costa do Chipre.
A alternativa, nesse caso, é deixar o país pela fronteira da Síria: o governo libanês disse que mais de 300.000 pessoas usaram essa rota para fugir da guerra nos último 10 dias. Na manhã dessa sexta-feira, no entanto, a principal rota de passagem para o país vizinho foi bombardeada por Israel com a alegação de que o Hezbollah a estava usando para contrabandear armas.