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Ativistas foram rastreados por PM que matou Marielle

Investigação analisou buscas feitas por Ronnie Lessa desde 2017; força-tarefa aponta 'singular obsessão' do acusado por Marcelo Freixo

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 20 mar 2019, 19h34 - Publicado em 20 mar 2019, 15h36
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  • Ativistas e pesquisadores da área de direitos humanos dedicados à segurança pública foram alvos prioritários de pesquisas on-line feitas pelo PM reformado Ronnie Lessa ao longo do ano que antecedeu os assassinatos a tiros de Marielle Franco (PSOL) e Anderson Gomes, em 14 de março de 2018. Acusado de ter feito os disparos, Lessa foi preso no dia 12 de março e a Justiça já acolheu denúncia do Ministério Público.

    Policiais responsáveis pela investigação do crime analisaram as buscas feitas por Lessa a partir de 1º de janeiro de 2017. “A análise incidente sobre o perfil das pesquisas indica singular obsessão pelo parlamentar Marcelo Freixo”, aponta o relatório, lembrando que foram mais de trinta pesquisas sobre o deputado do PSOL.

    Em abril de 2017, no entanto, Lessa pesquisou também informações sobre o deputado estadual Flávio Serafini. Em julho de 2017, o PM reformado ampliou suas pesquisas e buscou dados sobre pesquisadoras da ONG Redes da Maré e da Anistia Internacional.

    “A gente acabou sabendo dessa questão em função da prisão dele na semana passada e por intermédio da imprensa”, afirmou a ativista Eliana Sousa Silva, diretora da Redes da Maré. “A minha questão é: desde quando a polícia e o MP sabem disso?”, questionou Silva.

    No mesmo mês, Lessa realizou pesquisas sobre Pedro Mara, diretor do Ciep 210, de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. O professor se envolveu em uma polêmica com o então deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL), que pediu seu afastamento da escola por ter uma folha de maconha tatuada no antebraço. Ao saber que seu nome aparecia nas buscas de Lessa, Mara anunciou que pretende deixar o país.

    No início de março de 2018, o PM reformado também fez pesquisas sobre a socióloga Julita Lemgruber e a antropóloga Alba Zaluar. “A revelação de que se estava investigando nomes de pessoas que se dedicam à questão da garantia de direitos é muito grave e torna ainda mais urgente que a polícia chegue aos mandantes dessas mortes”, afirmou Julita. Alba também considerou o fato grave. “Isso é muito ruim, uma interferência no processo democrático”, disse ela. Procurada ao longo do dia, a defesa de Ronnie Lessa não se manifestou.

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