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Assassinatos caem 10%, enquanto letalidade policial aumenta 20% no Brasil

Roraima é o estado mais violento, enquanto São Paulo apresenta a menor taxa de homicídios, segundo Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 set 2019, 15h29 - Publicado em 10 set 2019, 10h12

O país registrou 57.341 mortes violentas em 2018. São quase 157 assassinatos por dia, ou seis por hora. É o que mostra o Anuário da Violência divulgado nesta terça-feira 10 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

O número é alto e coloca o país no ranking dos mais violentos do mundo, mas também representa uma queda de 10,2% em relação a 2017, que bateu o recorde da série histórica com 63.880 mortes computadas.

O Anuário contabiliza como mortes violentas  a quantidade de homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguida de morte, assassinatos de policiais e mortes decorrentes de intervenções policiais. O estudo compila os números oficiais das Secretarias de Segurança Pública dos 27 estados brasileiros.

O estado mais violento é Roraima, com uma taxa de 66,6 mortes violentas a cada 100.000 habitantes; seguido por Amapá, com 57,9, e Rio Grande do Norte, com 55,4. Para se ter uma ideia, a média nacional ficou em 27,5. Já entre os estados com a menor taxa de assassinatos figuram São Paulo, com 9,5; Santa Catarina, 13,3; e Minas Gerais, 15,4.

Estudiosos da área de segurança pública explicam que a queda no número de homicídios ocorreu em boa parte por causa do arrefecimento na guerra pelo controle do tráfico de drogas entre facções criminosas, que se deflagrou em 2016 e atingiu o auge em 2017.  “Não é a única causa, mas é claro que a diminuição do conflito genérico entre PCC e Comando Vermelho influenciou nos índices”, avaliou Guaracy Mingardi, ex-secretário de Segurança Pública de Guarulhos e ex-investigador da Polícia Civil.

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Para o sociólogo Tulio Kahn, ex-coordenador de Análise e Planejamento da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, os dados também são reflexo da melhora no desempenho da economia brasileira, que viveu o auge da crise entre 2014 e 2016; e da menor circulação de armas entre a população, fruto dos desdobramentos do Estatuto do Desarmamento.

“A criminalidade costuma sentir os efeitos da crise econômica antes. Uma menor recessão econômica diminui os crimes contra o patrimônio, que diminui a sensação de insegurança, que diminui os confrontos e, por sua vez, diminui o número de homicídios”, avaliou ele.

Por outro lado, a violência policial aumentou em 19,6% de 2017 para 2018. No ano passado, 6.220 pessoas foram mortas por policiais militares e civis em serviço ou de folga. Em 2017, foram 5179.

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O perfil das vítimas de policiais repete o mesmo padrão dos anos anteriores – a maioria é negra (75,4%), só estudou até o ensino fundamental (81,5%), são homens (99,3%) e tem entre 20 e 24 anos (33,6%). “Não é surpresa nenhuma que há racismo no Brasil, um racismo enraizado nas instituições”, disse Daniel Cerqueira, coordenador do Atlas da Violência produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

 

 

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