Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

ARTIGO: uma nova e perigosa fake news sobre o uso de cannabis

Deputado faz confusão entre maconha e a morte de uma criança em Nova York

Por Viviane Sedola e Patrícia Villela Marino*
25 set 2023, 17h14

Um dos maiores expoentes do negacionismo durante a pandemia, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) assumiu igual protagonismo nas últimas semanas no esforço contra a liberação da maconha no país, tema que se encontra em discussão no STF. A exemplo do que ocorreu na época do combate à Covid-19, Terra espalha desinformação em sua nova cruzada. Exemplo disso ocorreu no último dia 21, quando o parlamentar fez um post na rede X (ex-Twitter) tentando relacionar a morte de uma criança por overdose de Fentanil com a recente legalização da maconha no estado de Nova York. Será que isso faz algum sentido?

Claro que não. Aos fatos (ignorados por Osmar Terra): o Fentanil é um medicamento devidamente registrado e vendido sob prescrição médica nos Estados Unidos indicado para dor. Mesmo em doses baixas a substância pode ser letal e vem gerando o que já é considerado o maior problema de saúde daquele país no presente. Só nos últimos 12 meses, mais de 60 mil norte-americanos morreram de overdose por medicamentos como o Fentanil, que simula a molécula do ópio e é 50 vezes mais poderoso que a heroína. Apesar de sua prescrição e uso serem estritamente regulamentados, a droga se transformou no maior problema de saúde pública dos EUA da atualidade. Já a cannabis, liberada em 2021 e com abertura efetiva de lojas regulares em Nova York somente este ano, não tem nenhum registro de óbito por overdose em toda a literatura científica, sem falar em seu enorme potencial terapêutico.

Essa correlação desonesta entre regulações e substâncias diferentes cria apenas uma cortina de fumaça sobre o que interessa: criar políticas públicas que garantam a segurança da população. Choca ainda mais o fato de o autor das mensagens sobre este tema ser parlamentar e médico.

O ponto central da proposta que nós duas fizemos como membros do “Conselhão” do presidente Lula reside no fato de que não há lógica em proibir substâncias pouco perigosas para a saúde e de alto potencial terapêutico, como a Cannabis e psicodélicos – a exemplo dos cogumelos Psilocybe, enquanto estão liberadas outras altamente danosas como o Álcool e o Tabaco – que deveriam pagar impostos maiores revertidos para o SUS -, ou opiáceos, como o Fentanil.

A nossa proposta ao Conselhão resultou na criação de um grupo de trabalho para uma nova Política Nacional de Substâncias Psicoativas para o Brasil. Ela se pautará pelos fatos e pela ciência para a criação de políticas públicas seguras para a população.

Continua após a publicidade

A correlação entre o abuso de medicamentos e a regulação da cannabis não faz sentido algum. Mas reforça que a nossa proposta está no caminho certo e é extremamente necessária. Tratar de forma científica e ponderada as substâncias estigmatizadas ao longo da história e que hoje contam com provas de potencial terapêutico é a coisa responsável a se fazer. Precisamos contar com o discernimento dos nossos parlamentares e dos nossos médicos para discutir de forma honesta temas tão caros para a sociedade como a saúde e a segurança das crianças. A evolução das políticas públicas bate à porta e a saúde não pode esperar.

* Viviane Sedola é empreendedora de impacto e fala sobre cannabis, tecnologia, startups, políticas públicas e o papel da mulher nesses espaços; Patrícia Villela Marino é presidente do Instituto Humanitas360 e conselheira do Instituto de Pesquisas Sociais e Econômicas da Cannabis; ambas fazem parte do “Conselhão” do governo Lula

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.