O Fundo da Amazônia, criado em 2008 e administrado atualmente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), pode ser extinto. Só o governo da Noruega repassou mais de 3 bilhões de reais. A Alemanha, cujo envio é mais modesto, de cerca de 190 milhões de reais, anunciou nesta quarta-feira, 3, que suspendeu novo repasse previsto de 150 milhões de reais.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e embaixadores de Noruega e Alemanha no Brasil já admitem a possibilidade de o fundo ser extinto.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe) divulgados nesta quarta indicaram que o desmatamento na região foi 88% maior que no mesmo período de 2018.
O governo de Jair Bolsonaro já havia sugerido em maio a intenção de alterar o funcionamento do fundo. Quer, por exemplo, passar a usar o dinheiro para indenizar proprietários rurais em unidades de conservação, o que é rechaçado por Noruega e Alemanha.
Além disso, Salles espera modificar a representação no conselho que definia a aplicação das verbas. Na última sexta-feira, 28, o governo brasileiro extinguiu o colegiado que coordenava a distribuição sem avisar os parceiros da Europa.
Um decreto de Bolsonaro em abril também fechou centenas de órgãos ligados à administração pública e que tratavam de temas ambientais.
Os embaixadores europeus se reuniram com o ministro brasileiro nesta quarta, em Brasília, e afirmaram que seguem trabalhando pela manutenção da parceria. Mas também já admitem a descontinuidade.
Segundo os representantes dos governos norueguês e alemão, os doadores fizeram uma série de questionamentos. E esperam por respostas até o fim deste mês.
O norueguês Nils Martin Gunneng disse esperar, aliás, que o fim dos conselhos fosse revisto pelo presidente brasileiro.
O fundo é o maior projeto de cooperação internacional para preservar a floresta amazônica. O dinheiro, gerido pelo BNDES, é repassado a estados, municípios, universidades e ONGs.