Um grupo de investigadores do 6º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 6), da Força Aérea Brasileira (FAB), seguiu a manhã deste domingo a Luziânia (GO) para investigar a queda de um avião de pequeno porte, prefixo PU-MON, que caiu na noite de ontem próximo ao aeroclube da cidade goiana. A aeronave era pilotada pelo ex-senador boliviano Roger Pinto Molina, que vivia em Brasília após haver saído clandestinamente de seu país com a ajuda do diplomata Eduardo Saboia, em agosto de 2013. Molina voava só e foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros de Luziânia e levado de helicóptero, em estado grave, para o Hospital de Base, na capital federal.
Segundo a Aeronáutica, o grupo realizará uma primeira etapa de investigação, colhendo registros fotográficos, documentos e realizando entrevistas. “O objetivo da investigação realizada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), e pelos seus Serviços Regionais, é prevenir novas ocorrências com características semelhantes”, informa nota divulgada neste domingo.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que o estado de saúde do ex-senador é grave, “instável” e com suporte clínico, mas sem indicação de cirurgia. Segundo nota do Hospital de Base, ele deu entrada na noite de sábado “em estado grave, politraumatizado, com traumatismo crânio-encefálico”. O paciente passou por drenagem bilateral do tórax, traqueostomia de urgência e na tarde de ontem recebia ventilação mecânica.
O Corpo de Bombeiros de Luziânia, por sua vez, divulgou que foi acionado na noite de sábado para resgatar uma vítima de acidente aeronáutico, um homem que estava preso às ferragens. Segundo a corporação, a queda do avião de pequeno porte não provocou explosão ou fogo.
Fuga da Bolívia em 2012
Enquanto senado, Roger Pinto Molina fazia oposição ao governo do presidente boliviano, Evo Morales. Em maio de 2012, pediu asilo na embaixada do Brasil em La Paz, alegando ser vítima de perseguição política. Depois de 15 meses vivendo na representação brasileira para não ser preso, quando já se encontrava com o estado de saúde debilitado, o então encarregado de negócios da embaixada, Eduardo Saboia, ajudou Pinto Molina a fugir de carro até a fronteira com o Brasil, em Corumbá (MS). De lá, seguiu de avião até Brasília.
O episódio abriu uma crise no governo da então presidente Dilma Rousseff, alinhado ao de Morales. O então chanceler, Antonio Patriota, perdeu o cargo por causa da fuga. Saboia foi alvo de processo interno no Itamaraty. Atualmente, Patriota é embaixador em Roma e Saboia, promovido a embaixador, trabalha no gabinete do atual ministro, Aloysio Nunes Ferreira.
Na capital federal, o ex-senador boliviano obteve uma licença para atuar como piloto profissional. Segundo relatou a VEJA em fevereiro, essa é uma área em que já tinha atuado em seu país. Ele é sogro de Miguel Quiroga, o piloto do avião que caiu com o time da Chapecoense em novembro de 2016.
(com Estadão Conteúdo)