Obra de Ursula K. Le Guin com aliens andróginos ganha edição especial
O ousado 'A Mão Esquerda da Escuridão', da incensada autora americana de ficção científica, ganha nova edição no 50º aniversário
(Tradução de Susana L. de Alexandria; Aleph; 304 páginas; 64,90 reais) Passados 50 anos de seu lançamento, em 1969, a mais conhecida obra de Ursula K. Le Guin (1929-2018), A Mão Esquerda da Escuridão, ganha uma edição comemorativa, com capa dura inédita e prefácio de Neil Gaiman. Aclamado com os prêmios Nebula e Hugo de melhor romance, importantes distinções da ficção científica, o livro narra a história de Genly, um diplomata terráqueo enviado ao planeta Gethen com a missão de convocar os habitantes para uma confederação interplanetária frequentada por diversos povos.
O que parece simples torna-se essencialmente bizarro quando o enviado passa a conviver com a verdadeira natureza dos nativos. Apesar da aparência e fisiologia muito próxima à dos humanos, os nascidos em Gethen são criaturas ambissexuais — ou seja, seres que não possuem um sexo biológico definido e assumem aleatoriamente o papel feminino ou masculino a cada ciclo reprodutivo. Transgressora para a época, e até mesmo para os dias atuais, a obra foi escrita durante o auge do movimento de contracultura nos Estados Unidos, e ganhou importância histórica ao retratar a androginia e impulsionar a discussão sobre os padrões de gênero sexual.
Em seu prefácio, Gaiman descreve o livro como um “experimento mental” sobre o “e se…”. Como seria a sociedade se não houvesse distinção entre o feminino e o masculino? É sobre este questionamento que a autora se debruça ao longo das páginas da narrativa, em uma história que marcou para sempre leitores como Gaiman: “Depois de ler esse livro, papéis sexuais, suposições de gênero, o modo como nos relacionamos uns com os outros como homem ou mulher – todas essas coisas parecem subitamente arbitrárias.”