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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Bolsonaro ouviu uma verdade

Eleitora que chamou a atenção do presidente aos mortos por Covid-19 é a primeira voz sincera que ele escuta em anos

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 jun 2020, 14h29 - Publicado em 10 jun 2020, 12h14

Hoje pela manhã (10 de junho), uma eleitora foi até a entrada do Palácio do Alvorada, onde o presidente Jair Bolsonaro costumeiramente recebe confetes e salamaleques, para dar a real: “Nós temos hoje aqui 38 mil mortos por causa do Covid. E realmente, não são 38 mil estatísticas, são 38 mil famílias que estão morrendo nesse momento. O senhor, como chefe da nação, eu votei no senhor, fiz campanha para o senhor, acho até que o senhor me conhece. E eu sinto que o senhor traiu a nossa população”, afirmou a mulher.

Contrariado, Bolsonaro se afastou da eleitora. No seu canto, a eleitora seguiu a cantilena até que o presidente resmungou: “se você quiser falar, sai daqui, que você já foi ouvida. Cobre do seu governador. Sai daqui“.

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Deve ter sido a primeira vez que Bolsonaro ouviu algumas verdades em anos.

Diz a lenda que o general Julio Cesar ao entrar triunfante em Roma após uma vitória militar era acompanhado de um escravo cuja função era repetir no ouvido do chefe “memento mori”, numa tradução livre “lembre-se que você é mortal”. Seria uma forma de o general manter a serenidade diante da ovação popular.

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Fiéis depositários das esperanças de milhões de eleitores, os políticos são os novos césares. É difícil para alguém que sabe representar os anseios de tanta gente ter humildade para se saber falível, para reconhecer sua mortalidade.

Chamado de “mito” pelos seus seguidores, Bolsonaro tem mais dificuldades que um político normal. Ele vive cercado de bajuladores e qualquer crítica é sinônimo de traição. A famosa reunião ministerial de 22 de abril, exibida na TV por decisão da Justiça, é reveladora do estilo imperial com que Bolsonaro trata os subordinados.

Em 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva formava o seu governo, o compositor Chico Buarque sugeriu a criação do “ministério do vai-dar-merda”, com a função única de falar verdades ao chefe. Muitas pessoas tentaram ocupar essas funções, mas com Bolsonaro nunca deu certo. É possível que desde a demissão do general Santos Cruz, um ano atrás, o presidente não ouça uma frase sincera de um assessor.

Memento mori, Bolsonaro é mortal e seu governo é um desastre no combate à pandemia da Covid-19. Isso não é intriga da oposição, fake news da mídia ou conspiração globalista. É um fato. Se o governo Bolsonaro fosse um pouco mais competente, menos gente teria morrido, menos teriam sido infectadas. Hoje Bolsonaro ouviu a verdade.

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