Avatar do usuário logado
Usuário
OLÁ, Usuário
Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Oferta Relâmpago: VEJA por apenas 4,99
Imagem Blog

Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

Maria vai com as outras porque é maria-vai-com-as-outras

Compartilhe essa matéria: Link copiado! “Olá, gostaria de saber de onde veio a expressão ‘maria vai com as outras’. Obrigada.” (Maria Lucia Campos) “Fulano é um maria-vai-com-as-outras” (com hifens desobedientes, por favor, como veremos abaixo) é, como se sabe, um modo informal e tradicionalíssimo de dizer que alguém é influenciável, de personalidade fraca, desprovido de […]

Por Sérgio Rodrigues
6 ago 2015, 14h32 • Atualizado em 31 jul 2020, 00h46
  • “Olá, gostaria de saber de onde veio a expressão ‘maria vai com as outras’. Obrigada.” (Maria Lucia Campos)

    “Fulano é um maria-vai-com-as-outras” (com hifens desobedientes, por favor, como veremos abaixo) é, como se sabe, um modo informal e tradicionalíssimo de dizer que alguém é influenciável, de personalidade fraca, desprovido de opinião própria.

    Quando tentamos mergulhar na história do substantivo “maria-vai-com-as-outras”, encontramos uma grande variedade de teses que comprovam um fato curioso: nenhum de nossos filólogos quer parecer um maria-vai-com-as-outras. Vejamos as principais.

    Para Luís da Câmara Cascudo, a expressão “refere-se à sequência das 150 ave-marias no rosário, cada qual separada por um dos quinze padre-nossos. A uma Maria, seguem-se as demais”.

    João Ribeiro acredita numa origem também religiosa, mas bem diferente: o fato de serem mencionadas frequentemente juntas “as três Marias da Lei nova: Maria, Nossa Senhora; Maria Madalena; e Maria, irmã de Lázaro”.

    Continua após a publicidade

    Antenor Nascentes parte para terreno laico e enraíza sua explicação para “maria-vai-com-as-outras” na história portuguesa da virada entre os séculos XVIII e XIX: “Palavras que o povo dizia quando via sair a passeio, acompanhada de suas damas de honra, a rainha D. Maria I”.

    Se parece difícil chegar a uma conclusão a esta altura, é preciso reconhecer que não é esse o problema mais embaraçoso que a velha palavra composta apresenta para os estudiosos da língua.

    Ocorre que o Acordo Ortográfico – que o Brasil na prática já adotou, mas que ainda é encarado com imensas reservas em Portugal – mandou suprimir os hifens de “maria-vai-com-as-outras”, no que foi seguramente uma de suas decisões mais infelizes.

    Continua após a publicidade

    O resultado é que dicionários brasileiros que registravam o verbete quando ele era hifenizado não o trazem mais – o Houaiss o rebaixou a locução dentro do verbete “maria”.

    É claro que, apesar disso, ainda estamos falando de um substantivo. Uma palavra composta e, digamos, oracional, que precisa – desesperadamente – da cola do hífen para não se transformar num monstrengo capaz de sugerir na página um pesadelo sintático. Quem escreve, por exemplo, uma frase simples como “Maria vai porque é uma maria vai com as outras” percebe logo o crime que foi cometido contra essa bela expressão.

    Por tudo isso, só me resta propor a desobediência civil: em meu vocabulário, “maria-vai-com-as-outras” conserva seus imprescindíveis hifens. Tenho uma boa defesa também, chamada estilística. Aquilo que levou Álvaro de Campos a falar numa “mulher-todas-as-mulheres” e que o gramático Celso Pedro Luft chamou de “hifenização subjetiva, estilística”, que visa “à clareza e força de expressão”. É o caso, sem dúvida.

    Continua após a publicidade

    De todo modo, se você tiver um professor pouco sensível a argumentos tão rebuscados, talvez ache mais prudente ser um maria-vai-com-as-outras e escrever “maria vai com as outras” mesmo.

    *

    Envie sua dúvida sobre palavra, expressão, dito popular, gramática etc. Às segundas, quartas e quintas-feiras o colunista responde ao leitor na seção Consultório. E-mail: sobrepalavras@todoprosa.com.br (favor escrever “Consultório” no campo de assunto).

    Publicidade
    TAGS:

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    15 marcas que você confia. Uma assinatura que vale por todas.

    OFERTA RELÂMPAGO

    Digital Completo

    A notícia em tempo real na palma da sua mão!
    Chega de esperar! Informação quente, direto da fonte, onde você estiver.
    De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
    OFERTA RELÂMPAGO

    Revista em Casa + Digital Completo

    Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 7,50)
    De: R$ 55,90/mês
    A partir de R$ 29,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.