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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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Está certo dizer ‘o melhor dia que eu jamais tive’?

“Olá, Sérgio, minha dúvida é sobre uma expressão que ultimamente tenho visto ser muito utilizada. Quando alguém teve um excelente dia e diz ‘Esse é o melhor dia que eu jamais tive’, está correto? Usar ‘jamais’ não implica que esse dia não aconteceu? Então, como poderia ser o melhor?” (Alexandre Figueiredo) Sim, está correto o […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 01h03 - Publicado em 29 jun 2015, 14h12

“Olá, Sérgio, minha dúvida é sobre uma expressão que ultimamente tenho visto ser muito utilizada. Quando alguém teve um excelente dia e diz ‘Esse é o melhor dia que eu jamais tive’, está correto? Usar ‘jamais’ não implica que esse dia não aconteceu? Então, como poderia ser o melhor?” (Alexandre Figueiredo)

Sim, está correto o uso do advérbio “jamais” em construções que não têm valor negativo, como a que Alexandre estranha.

Em casos como esse, mais frequentes na linguagem literária, “jamais” não pode ser substituído por seu sinônimo “nunca”, que sempre guarda valor negativo.

Em vez de “em nenhuma oportunidade ou momento (passado ou futuro)”, que é seu sentido mais usual, “jamais” tem aí a acepção de “algum dia, alguma vez, em algum tempo” (Houaiss) – no caso, o tempo passado. Em vez de “o melhor dia que eu tive”, opta-se pela ênfase de “o melhor dia que eu jamais tive”.

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Trata-se de um uso antigo, consagrado e, como eu disse, de sabor um tanto literário. Se Alexandre anda reparando nele ultimamente, acho mais provável que isso ocorra por ter tido sua atenção aguçada nesse sentido, e não por estarmos vivendo algum modismo adverbial.

Por exemplo, vejamos o que, no romance “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, o narrador Bentinho escreve sobre o enlevo de sua noite de núpcias: (Capitu) “disse-me no dia seguinte que estava por tudo, que eu era a única renda e o único enfeite que jamais poria em si”.

Haverá negação em tal frase? Claro que não: a moça recém-casada diz ao marido que para sempre, em qualquer tempo vindouro, seria ele seu único “enfeite”.

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A diferença em relação ao exemplo trazido por Alexandre é que o tempo abarcado pelo advérbio aqui não é o passado, mas o futuro.

*

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