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Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens gaúchos. Por Paula Sperb, de Porto Alegre
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Julio Flores (PSTU): ‘Queremos todos os corruptos na cadeia’

Pré-candidato socialista ao governo gaúcho é o quarto entrevistado, por ordem alfabética, nesta série de VEJA

Por Paula Sperb
Atualizado em 24 jul 2018, 13h19 - Publicado em 24 jul 2018, 10h34

Professor de matemática na rede pública, Julio Flores é pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, o PSTU. Para Flores, deve haver uma “rebelião contra o sistema” e os corruptos e corruptores devem ser punidos, “sem exceção”. O pré-candidato também defende um governo organizado a partir de “conselhos populares”.

Para Flores, a crise gaúcha “só existe para o lado dos trabalhadores” e propõe um conjunto de ações como acabar com isenções fiscais de grandes empresas, cobrar sonegadores suspender o pagamento da dívida com a União e cobrar da União os dividendos da Lei Kandir. Para pagar os salários dos servidores em dia, “basta realocar os recursos, que estão mal distribuídos”, defende Flores.

Julio Flores é o quarto entrevistado, por ordem alfabética, nessa série de VEJA com os pré-candidatos ao Piratini. A primeira entrevistada foi Abigail Pereira (PCdoB), o segundo entrevistado foi Eduardo Leite (PSDB) e o terceiro foi Jairo Jorge (PDT). Abaixo, a entrevista de Jorge e fotos de arquivo pessoal selecionadas por sua equipe a pedido de VEJA.

Data de nascimento: 14/06/1959
Naturalidade: São Borja
Estado civil: solteiro
Filhos: Nicolas Lanza Flores
Formação: superior
Profissão: professor de Matemática na rede municipal e estadual
Histórico de filiação partidária: fundador do PT e fundador do PSTU

Julio Flores (centro) durante assembleia de trabalhadores (Arquivo Pessoal/Divulgação)

Por que o senhor quer ser governador?
Para fazer uma mudança profunda no Rio Grande do Sul, como parte de uma mudança nacional, chamando uma rebelião contra esse sistema, contra a corrupção. Queremos colocar todos os corruptos, sem exceção, e os corruptores na cadeia e confiscar seus bens. Para fazer uma reforma agrária que, infelizmente, nunca foi feita da forma devida, acabando com o latifúndio e dando as terras aos trabalhadores sem terra para que eles possam produzir. Quero ser governador para executar um plano de obras públicas que construa hospitais, infraestrutura, gerando empregos. Aqueles que constroem suas próprias casas também recebem o salário para a família. Por outro lado, queremos suspender a dívida com o governo federal, que consome 4 bilhões da receita do estado, acabar com as isenções fiscais das grandes empresas que impedem que 25 bilhões de reais entrem nos nossos cofres e acabar com a sonegação, que recuperaria pelo menos sete bilhões. Queremos um governo socialista dos trabalhadores, construindo conselhos populares. O governo não teria assembleia e câmaras, mas conselhos organizados de baixo para cima para derrubar os de cima que roubam as riquezas do nosso país. A miséria é muito grande, ainda que se alardeie que nos últimos dezesseis anos tenha se acabado com a miséria, é uma mentira, uma falácia.

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Qual é a prioridade do senhor para o estado?
É um conjunto de prioridades que vão se combinando de acordo com as necessidades imediatas. Mas para fazer essas mudanças, precisamos ter dinheiro. Então, a principal medida é mexer no vespeiro do sistema financeiro, nas dívidas, acabar com as isenções fiscais para ter o dinheiro para os investimentos e, obviamente, isso tem que passar por definição dos conselhos populares. Não é o PSTU, mas os conselhos que decidirão. Serão assembleias de trabalhadores, de categorias, de regiões, das periferias. Os pobres suam e não têm nada.

Julio Flores com seu filho Nicolas (Arquivo Pessoal/Divulgação)

Como o senhor fará para pagar os salários em dia?
Eu acabaria com o parcelamento e pagaria em dia, óbvio. Inclusive pagaria o piso para os trabalhadores em educação que, lamentavelmente, o ex-governador Tarso Genro foi quem concedeu, depois da mobilização pela conquista do piso. Ele assinou como ministro da Educação, mas aqui no estado não cumpriu. Para garantir os salários basta realocar os recursos, que estão mal distribuídos.

Como, então, o senhor propõe tirar o estado da crise?
A crise só existe para o lado dos trabalhadores, querem tirar tudo. O que existe, como eu disse, é dinheiro indo para o lugar errado, indo para os grandes que querem mais é sugar o sangue da classe trabalhadora. Temos 30 bilhões de reais, mais ou menos, para recuperar entre dívida, isenções e o que nos devem da Lei Kandir. Não encontramos 30 bilhões de reais na esquina. Com essas medidas teríamos o dinheiro suficiente.

Julio Flores liderando greve contra o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1998 (Arquivo Pessoal/Divulgação)

A segurança é um dos temas que mais preocupam os gaúchos. Quais são as propostas do senhor para a área?
A primeira medida: É fundamental acabar com a miséria. Os filhos da classe trabalhadora são candidatos a desempregados, aqueles que vivem na periferia ficam reféns do tráfico. Acabando com a miséria, acaba com isso. Assim todo mundo tem seu trabalho, casa, formação. É uma medida estrutural fantástica que acabaria com a insegurança. Mas, enquanto isso, vamos fazer com que os soldados e cabos elejam seus comandantes para que seja uma coisa democrática e desmilitarizada, controlada pelos conselhos populares. Hoje, a polícia é feita para bater em trabalhador. As policias servem para proteger o latifúndio, os bancos, a propriedade privada, os meios de produção e bater em trabalhador que faz greve. Em 2013, a polícia sob o comando de Tarso Genro (PT) foi bater duro na juventude que saiu nas ruas contra essa farra do dinheiro da Copa para beneficiar empreiteira. Tem sido assim com o governo de Sartori (MDB) também. Massacra trabalhadores, bota a polícia contra o povo, enquanto tinha que ir atrás dos ladrões, mas aí teriam que botar dentro dos palácios para prender os amigos. Há uma podridão na República e continuam governando.

Julio Flores com o ex-governador Olívio Dutra, em ato em defesa do banco Meridional, em Porto Alegre, em 20 de maio de 1995 (Arquivo Pessoal/Divulgação)

No Rio Grande do Sul, qualquer privatização precisa ser aprovada por votação popular em um plebiscito. A atual gestão tentou, primeiro, retirar a obrigatoriedade do plebiscito para realizar as privatizações e, depois, tentou realizar o plebiscito simultaneamente às eleições antecipando o prazo da convocação. Qual é a opinião do senhor sobre a lei e sobre a privatização?
Somos a favor da reestatização de toda estatal que tenha sido privatizada. Em primeiro lugar, queremos anular a extinção das fundações [fechadas pelo atual governo] porque todas elas têm importância para o estado e para o bem público, como a Fundação Piratini, a Zoobotânica, a FEE. Todas elas são indispensáveis para o bom funcionamento do serviço público. Somos contra as privatizações. A lei do plebiscito é importante. Extinguir o plebiscito é uma manobra para beneficiar seus amigos, é uma coisa escancarada. O estado sairia perdendo com o que seria arrecadado com a venda das estatais, é só para beneficiar meia dúzia de ricos e poderosos, repassando esses serviços para eles já que são rentáveis.

Julio Flores em ato contra a ex-governadora Yeda Crusius (PSDB) (Arquivo Pessoal/Divulgação)

Qual é a opinião do senhor sobre o atual momento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)?
Achamos que todo o trabalhador tem o direito de ter sua candidatura. Achamos que o Lula, assim como os demais, precisa pagar pelo que fez. Isso é uma questão fundamental, todos os corruptos e corruptores têm que ir para a cadeia. Então, se todos eles forem inelegíveis, ele também tem que ser.

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