Deputado gaúcho que chorou por ‘lista de Janot’ é inocentado
Jerônimo Goergen e outros quatro deputados gaúchos do PP tiveram os processos do ‘inquérito mãe’ da Lava Jato arquivados
Quando concedeu uma entrevista coletiva em Porto Alegre para comentar seu nome na “lista de Janot”, em 9 de março de 2015, o deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS) chorou. Goergen dizia que não tinha relação nenhuma com o doleiro Alberto Yousseff. O delator falou em depoimento que a bancada gaúcha do PP dividia entre si até 1,5 milhão por mês.
Dois anos e meio depois, Goergen se diz aliviado por ter sido inocentado. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot arquivou o processo de Goergen ligado ao “inquérito mãe” da Lava Jato. “É uma sensação de alívio. Agora mesmo fui lá no plenário (em Brasília) e voltei a acreditar que vale a pena essa vida pública”, disse a VEJA nesta quarta-feira.
A notícia do arquivamento, porém, não o surpreendeu como ocorreu quando viu seu nome na lista, em 2015. Por isso, agora, não chorou. “Chorar eu não chorei porque a minha consciência estava tão tranquila. Tinha certeza que, quanto mais a fundo fossem (na investigação), mais tranquilo eu ficaria”, contou à reportagem.
Outros quatro deputados gaúchos do PP, Afonso Hamm, Jerônimo Goergen, Luiz Carlos Heinze e Renato Molling, também foram inocentados. Apenas José Otávio Germano aparece na lista dos denunciados pela PGR – dos 30 nomes iniciais, 18 tiveram as denúncias arquivadas.
Goergen conta que foi “o primeiro a depor na Lava Jato” voluntariamente, sem ser intimado. “Abri todos os meus sigilos”, relata o deputado
Corte de cargos e emendas
Goergen, ao contrário da orientação do seu partido, votou contra Temer na sessão que decidia se o presidente deveria ou não ser investigado por corrupção passiva. Na ocasião, a bancada do PP gaúcho ficou dividida.
O voto desfavorável ao presidente teve consequências. Goergen teve três cargos federais sob sua tutela cortados no Rio Grande do Sul e até agora não recebeu a maior parte do valor das emendas federais a que tem direito. “Paguei o preço da coerência. Inclusive coloquei os cargos à disposição”, contou a VEJA.
“Antes de votar fui lá e avisei que não era por ser contra o governo, que tinha um caminho bom. Eu votei contra Dilma, contra Cunha, não tinha como votar pelo Temer, por coerência. O presidente teve a conversa com o cara errado (Joesley Batista) e a gente está vendo tudo…”, disse.
Ricardo Saud
Na delação de Ricardo Saud, diretor da JBS de Joesley Batista, o empresário citou o nome de Jerônimo Goergen entre os parlamentares que receberam verba da JBS. O gaúcho diz que a doação foi legal e tem o recibo do valor doado. “A gente está vendo a baderna e a sacanagem que foi essa delação dos caras”, comenta.