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Mais um tiro no pé

Bolsonaro encontrou mais uma maneira de se indispor com o Supremo.

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2020, 15h52 - Publicado em 7 Maio 2020, 15h39

Bolsonaro recebeu a romaria de empresários e representantes do setor industrial. É fácil imaginar a cena: choraram suas mágoas e pitangas, queixaram-se da falta de demanda, das restrições impostas pelos governadores (que reprimem a demanda), de que o governo não solta a grana.

Bolsonaro teve uma ideia genial: “vamos falar com o Toffoli!”. Assim se livraria dos chatos, lhes mostraria o quanto ele mesmo é importante, daria uma pressionada no Supremo para suspender a decisão que o impede de revogar as medidas restritivas dos governadores, e, não menos importante, descolaria uma live para dar uma animada na militância.

Ninguém entendeu nada, claro, mas todos concordaram, porque ninguém diz “não” para o presidente da República. Toffoli também não entendeu, mas atendeu, afinal, presidente da República tem que atender. Até porque, para o presidente da República pedir reunião fora da agenda com o presidente de outro Poder, deve ser algo importantíssimo, urgentíssimo, item de segurança nacional.

Mas não era.

Não apenas não tinha a menor importância, nem a menor urgência: era estapafúrdia, não tinha o menor cabimento.

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Bolsonaro tomou o tempo do presidente do Supremo Tribunal Federal com um tema que não diz respeito ao tribunal; constrangeu o tribunal ao pressioná-lo sobre uma decisão soberana; e, sem antes obter consentimento do anfitrião ou sequer preveni-lo, transmitiu a reunião pela Internet (mostrando a seus fãs o quanto ele mesmo é importante). Tão preocupado estava Bolsonaro com sua própria live que, quando Toffoli olhava para ele, o presidente não olhava de volta: com os olhos fixos na câmara à sua frente, parecia uma estátua saída do museu de cera de Madame Tussaud. Nunca antes na história deste país se viu falta de educação igual.

Se tivesse prestado atenção no que Toffoli dizia, teria ouvido o presidente do Supremo dar a “sugestão” — na cara do suposto chefe do suposto gabinete de crise, o general Braga Netto — de o governo criar um gabinete de crise e se entender com os governadores. O Judiciário ensinando gestão pública ao chefe do Executivo, que espetáculo.

Nunca um presidente precisou tanto do STF quanto Jair Bolsonaro. Além do inquérito, contra o próprio presidente,  sobre a denúncia de Sergio Moro, correm no Supremo os inquérito das fake news e dos atos pró-golpe, que podem pegar seus filhos 02 e 03 e resvalar em Bolsonaro. A recusa do Planalto em entregar os exames do presidente para Covid-19 podem chegar ao STF na forma de um inquérito sobre obstrução de provas. E a investigação das “rachadinhas”, que corre no MP do Rio de Janeiro e deve pegar o filho 01, possivelmente chegará ao Supremo.

E é nesse clima que, do nada, sem qualquer motivo, Jair Bolsonaro inventou de se indispor com o Supremo.

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