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Vale a pena ler de novo o que saiu nas páginas de VEJA em quase cinco décadas de história
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Zuckerberg já teve de corrigir equívocos e pedir desculpa outras vezes

Páginas de VEJA mostraram que o Facebook não vê problema em mudar seus direcionamentos desde que mantenha a posse dos trilhões de dados de seus usuários

Por Da redação
22 mar 2018, 16h48

O uso irregular dos dados de 50 milhões de usuários do Facebook fez seu CEO, Mark Zuckerberg, ter de se explicar nesta semana. Em carta divulgada quarta-feira, ele admitiu que sua empresa cometeu erros que permitiram que uma gigantesca quantidade de informações acabasse nas mãos de uma outra companhia, a Cambridge Analytica, e ela acabou usando-a para beneficiar a campanha eleitoral de 2016 do hoje presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Temos a responsabilidade de proteger seus dados, se não pudermos, não merecemos servi-los”, escreveu Zuckerberg em sua primeira reação pública desde que o escândalo veio à tona. Bonito, mas é só mais uma das tantas desculpas que a companhia tem se visto obrigada a dar desde que foi criada, em 2004.

Na edição 2.237, de 5 de outubro de 2011, com o título “O que quer o senhor das redes”, VEJA detalhou onde queria chegar o idealizador da rede social, e a falta de escrúpulos nessa jornada. Leia um trecho:

“Depois de fazer acordo com serviços de distribuição de música, vídeos e notícias, Zuckerberg quer cativar ainda mais seus súditos, de modo que eles não sintam necessidade de sair das páginas do Facebook para navegar em águas estranhas à rede social. (…) Se o usuário pode tagarelar com a patota e ao mesmo tempo ouvir música, assistir a vídeos ou postá-los e ler o noticiário na sua própria página no Facebook, para que se aventurar no restante da internet? Adeus, Google, adeus, Yahoo!, até mais, YouTube e iTunes. É cedo para declarar a morte desses juggernauts digitais – mas é para eles que Zuckerberg aponta sua artilharia.”

Capa de VEJA em 2011 mostra o avanço irrefreável do gigante Facebook (Reprodução/VEJA)

Ao considerar normal a venda de dados de usuários dessa vez, talvez a ambição do criador da rede tenha ido longe demais. Avançar sinais vermelhos, no entanto, é uma prática comum. Um desses episódios, em maio de 2010, também se referia ao uso de dados pessoais dos usuários. Naquela ocasião, explica a reportagem de 2011, “o Facebook tornou públicas algumas informações que os usuários, anteriormente, mantinham restritas. Houve gritaria. A rede voltou atrás, evitando um êxodo. O tempo mostrou que os caminhos estavam corretos.”

“Mas os equívocos e mudanças de trajetória não pararam por aí. O sucesso do Facebook no território ainda em exploração das redes sociais se deve à intransigência com que Zuckerberg e seu time defenderam algumas posições que, com o passar do tempo, se mostraram acertadas, e à rápida correção de equívocos. Entre os acertos está a convicção de que era preciso em primeiro lugar conquistar a confiança do usuário. Desde os primeiros anos, Zuckerberg elegeu como prioridade a estabilidade do sistema – o site jamais pode sair do ar. Ele também aprendeu com os erros do MySpace, ex-rei das redes, comprado pelo magnata Rupert Murdoch em 2005 por 580 milhões de dólares e negociado seis anos depois por menos de 10% daquele valor. Ao contrário do MySpace, o Facebook permitiu que pessoas e empresas desenvolvessem aplicativos de forma independente e os inserissem em seu ambiente. É o caso de jogos como o CityVille, da Zynga, um blockbuster que chegou a contar com 100 milhões de usuários.”

As correções deram resultado. Se em 2011 a rede comemorava 800 milhões de usuários, hoje o número passa de 2,3 bilhões. Mais do que uma empresa em busca de mercado, o Facebook ajudou a moldar comportamentos e a servir como ferramenta para o conhecimento dos hábitos das pessoas que utilizam sua plataforma, com informações valiosas para publicidade, comércio, indústria, governos e, como ficou provado agora, campanhas eleitorais.

O preço das informações dos usuários

Em 15 de maio de 2013, VEJA explicou melhor porque as companhias da internet que apostaram em atender da melhor forma seus usuários, depois de conhecer suas preferências, cresceram tanto nos último anos. Com o título “A era do Big Data e dos algoritmos está mudando o mundo”, a publicação deixou leitores assustados com a quantidade de informações que empresas da internet sabiam sobre eles.

Capa de VEJA em 2013, sobre Big Data e algoritmos (Reprodução/VEJA)

“A imensidão de informações é composta, numa pequena parte, de dados limpos, corretos, checados, como uma pesquisa do IBGE. São os ‘dados estruturados’. Mas a grande novidade do Big Data, o elemento verdadeiramente novo e transformador, são os ‘dados não estruturados’. Os dados sujos, incompletos, caóticos. É o clique do mouse para comprar um livro na Amazon, ou não comprar. É a nova foto no Facebook, um novo tuíte, mesmo crivado de erros ortográficos. É um novo vídeo no YouTube. É a pesquisa no Google, o telefonema gravado ‘para sua segurança’, a música que se escuta on-line, o livro que se lê num leitor eletrônico. É o e-mail que se envia para um amigo, e mesmo o e-mail que não chega a ser enviado. É o lixo on-line. Mas um lixo que vale ouro. Eis o que diz o matemático americano Peter Norvig, ex-diretor de tecnologia da informação da Nasa e atual diretor de pesquisa do Google: ‘Com o Big Data, gasta-se muito mais tempo coletando dados do que chegando a resultados. Mais de 90% da informação armazenada sempre aparenta ser dispensável. O que percebemos é que o real diferencial está no que é considerado lixo. Grandes descobertas ocorrem quando olhamos com os olhos corretos o que foi descartado e assim vemos o que esses dados podem nos revelar do mundo. Esse é o segredo do Big Data’, explica o texto de cinco anos atrás.

A reportagem de 2013 é realmente fascinante, traz casos curiosos como a de um pai americano que foi a rede de departamentos Target reclamar que sua filha havia recebido propaganda de produtos para bebês, sendo que era apenas uma adolescente. Ficou enfurecido por achar que a loja estava estimulando que ficasse grávida. Mas sua filha já estava, a Target soube disso por seus hábitos na internet, mas o pai só recebeu a notícia dias depois da reclamação.

“Em toda a história, a humanidade tomou decisões com base numa parte do todo – na amostragem, na pesquisa, na estimativa. Agora, pela primeira vez, podemos começar a tomar decisões com base no todo, com 100% de informação. Escreve Michael Malone, professor da Universidade Santa Clara, no Vale do Silício: “A humanidade viveu 10 000 gerações fazendo escolhas impregnadas de incerteza. Eram grandes saltos no desconhecido”. Na era do Big Data, deixaremos de viver como as 10 000 gerações que nos antecederam. Para alguns pesquisadores, o Big Data é tão revolucionário na vida humana quanto a descoberta do fogo ou o início da agricultura.”

Outra curiosidade da gigantesca quantidade de dados disponível é que, segundo publicou VEJA, “o Big Data oferece significado, correlação, mas não oferece a causa”.

E deu exemplo: “Uma pesquisa da Universidade de Cambridge, com base em dados de 58 000 usuários do Facebook, descobriu uma relação inusitada: pessoas com alto QI têm apreço especial pela voz do ator Morgan Freeman. Por quê? Nin­guém sabe. O MasterCard, analisando 65 bi­lhões de transações de 1,5 bilhão de clientes em 210 países, descobriu o seguinte: o consumidor que enche o tanque do carro por volta das 16 horas tende a gastar entre 35 e 50 dólares na hora seguinte num mercado ou restaurante. De novo: ninguém sabe por quê”.

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