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Quadrilha resgatou traficantes em presídios para fortalecer a guerra em favelas do Rio

Por Leslie Leitão, na VEJA.com: Um dos grandes problemas da segurança pública no Brasil é o fato de, mesmo encarcerados, bandidos conservarem poder, com capacidade de tomar decisões e tramar novas ações criminosas. É desta forma que atua, por exemplo, o Primeiro Comando da Capital, o temido PCC, que, de São Paulo, articula o banditismo […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 04h59 - Publicado em 14 nov 2013, 14h47

Por Leslie Leitão, na VEJA.com:
Um dos grandes problemas da segurança pública no Brasil é o fato de, mesmo encarcerados, bandidos conservarem poder, com capacidade de tomar decisões e tramar novas ações criminosas. É desta forma que atua, por exemplo, o Primeiro Comando da Capital, o temido PCC, que, de São Paulo, articula o banditismo em várias partes do país. A ousadia das quadrilhas de São Paulo e do Rio mostra que, lamentavelmente, facções do crime também conseguem, sem muita dificuldade, resgatar os “cabeças” das quadrilhas nos presídios, como revelou a edição de VEJA desta semana, que trouxe com exclusividade o depoimento dado à polícia pelo traficante Rodrigo Prudêncio Barbosa, 35 anos, o Gordinho. Com medo de morrer, ele decidiu revelar à polícia e à Justiça informações preciosas, e detalhou como o Comando Vermelho, facção mais antiga e poderosa nos morros cariocas, conseguiu deflagrar uma série de operações de resgate para levar de volta às favelas alguns criminosos presos. Uma série de fugas ocorridas entre os meses de fevereiro e agosto deste ano ajudaram o CV a se reorganizar nas ruas. E as declarações de Gordinho indicam que o que está por vir é preocupante, com mais armas nas ruas e bandidos dispostos a entrar em guerra para recuperar territórios.

A cinematográfica fuga do presídio Vicente Piragibe, no Complexo de Gericinó, foi o pontapé inicial dos planos do Comando Vermelho. Vinte e sete detentos escaparam por uma galeria de águas pluviais e começaram a impor o terror em bairros das zonas Norte e Oeste do Rio de Janeiro. Estabeleceu-se, então, uma nova cúpula da quadrilha. Luiz Claudio Machado, o Marreta, um dos resgatados, tornou-se o general das guerras, comandando ataques a morros estratégicos para o faturamento e a manutenção do poder do grupo. Marcos Ferreira de Resende, o Playboy, outro “salvo” pela ação dos bandidos, voltou ao posto de homem de confiança de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, no despejo de armas e drogas. Já Claudino dos Santos Coelho, o Russão, um dos assassinos do jornalista Tim Lopes, ficou como responsável financeiro da quadrilha.

Em setembro, Russão foi morto por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) durante um tiroteio no Morro da Covanca, em Jacarepaguá. Quase simultaneamente, outra peça importante na hierarquia do bando ganhou a liberdade. Mesmo condenado a 73 anos de cadeia por assaltos, sequestros, tráfico e homicídio, José Benemário de Araújo, o Benemário, obteve o benefício da progressão de regime enquanto cumpria pena num presídio federal em João Pessoa, na Paraíba. De lá, sua primeira missão foi reestabelecer as boas relações com o Primeiro Comando da Capital. Como mostrou a reportagem de VEJA, a partir da quitação de dívidas do CV com o PCC foi restabelecido o canal de distribuição de armas e drogas entre São Paulo e Rio.

Com o bando se recompondo, em agosto o CV deu sua mais importante cartada. Claudio José de Souza Fontarigo, o Claudinho da Mineira, e Ricardo Chaves de Castro Lima, o Fu, fugiram da penitenciária federal de Porto Velho, em Rondônia, para onde haviam sido transferidos. Ambos também receberam o benefício de visitar a família, mas não retornaram à cadeia.

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Tiroteios
O retorno de chefões do tráfico ao comando das quadrilhas e o fortalecimento dos bandidos é sentido, no Rio de Janeiro, principalmente no aumento das atividades criminosas. Os tiroteios, que vinham se reduzindo desde o início do programa de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) voltaram a ocorrer, mesmo em áreas chamadas de “pacificadas” pelo governo do estado. Uma das primeiras medidas de Claudinho da Mineira e Fu, assim que retornaram ao Rio, foi atacar o Morro da Mineira, no bairro Estácio, ocupado por uma UPP, mas também com forte presença de uma facção inimiga do CV, que controla a venda de drogas no local. Em um dos confrontos no local, no início de outubro, a equipe da UPP chegou a ficar encurralada e precisou de ajuda do Batalhão de Operações Especiais (Bope) para escapar da emboscada. Fu e Claudinho ainda não conseguiram tomar o controle das bocas de fumo. “Eles vão comandar a facção e, agora, com certeza, haverá a compra de armas para promover o ataque ao morro”, afirmou o traficante Gordinho, num trecho das duas horas de depoimento à polícia.

Entre as informações prestadas por Gordinho, um ex-gerente do tráfico do Morro da Fazendinha, no Complexo do Alemão, está o plano para reatar a aliança com o PCC. Mais de 9 milhões em dívidas de drogas e armas foram pagos. Se na Mineira a resistência é do estado e da própria facção rival, em outras áreas da cidade a conquista do território veio com as guerras, que se espalharam por São Gonçalo, favelas da Baixada Fluminense e, principalmente, nas zonas Norte e Oeste da cidade.

O foragido Marreta está por trás da maior parte das ações. De acordo com informações dos setores de inteligência da Polícia Civil, o criminoso foi o responsável pelas invasões. E numa delas acabou baleado no pé. Seu paradeiro, até hoje, é incerto. Mas o novo “estatuto” do CV deixa claro que os bandidos não vão dar trégua: “Quando nossas vozes não são ouvidas, o crime é a melhor razão para que ela venha fazer eco… seremos implacáveis dentro e fora dos presídios”, prega o grupo, numa espécie de mantra macabro que hipnotiza os jovens aliciados e transforma a guerra do tráfico em uma espécie de “causa”.

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