Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

PT: É difícil renunciar subitamente a um grande ódio

Nada muda na campanha do PT com a ascensão de Marina Silva. É difícil acreditar que assim seja, mas isso é, ao menos, o que diz Rui Falcão, presidente do partido. Na noite desta quarta-feira, Dilma Rousseff reuniu no Palácio da Alvorada o comando político de sua campanha e os respectivos presidentes das nove legendas […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h11 - Publicado em 28 ago 2014, 07h04

Nada muda na campanha do PT com a ascensão de Marina Silva. É difícil acreditar que assim seja, mas isso é, ao menos, o que diz Rui Falcão, presidente do partido. Na noite desta quarta-feira, Dilma Rousseff reuniu no Palácio da Alvorada o comando político de sua campanha e os respectivos presidentes das nove legendas que a apoiam. Falcão falou com a imprensa ao término do encontro, que durou uma hora e meia, e afirmou que tudo ficará como está. Segundo disse, o grupo avaliou que Dilma foi a que teve o melhor desempenho no debate da Band. Não ficou claro se Falcão tentava enganar os jornalistas, enganar a si mesmo ou enganar os seus pares.

Escreveu o poeta latino Catulo, numa de suas infindáveis crises amorosas com a sua Clódia, que vivia a lhe pôr chifres: “Difficile est longum subito deponere amorem”. É difícil renunciar subitamente a um grande amor. E mais difícil ainda é renunciar a um grande ódio — mesmo que seja um ódio sem sentido, que serve apenas ao propósito político. Clódia e Catulo se amavam, mas ela, possivelmente, o traía. Quem odeia não sabe trair: jamais abandona o objeto de seu culto às avessas.

Por que digo isso? O PT combate o PSDB desde 1988, quando este partido foi criado. De maneira sistemática, metódica, incansável, obsessiva, desde 1995, quando FHC chegou à Presidência da República. Fez-lhe oposição ferrenha durante oito anos e depois passou outros 12, no poder, a demonizá-lo. O partido não tem repertório para enfrentar um adversário como Marina. Não que ela represente algo de novo. Essa é uma das tolices mais influentes que andam por aí. Em certa medida, nada representa mais a velha política do que Marina Silva, aquela que pretende falar acima e além dos partidos. Ocorre que, reitero, o PT não se preparou para isso. E, vejam vocês, segundo as pesquisas, quem hoje vence Dilma no segundo turno, e com folga, é… Marina.

O ódio que o PT sempre devotou a seu adversário preferencial, o PSDB, em certa medida, se voltou contra o próprio partido. Os petistas passaram a ser tucano-dependentes. Não têm outro repertório que não a tal luta do “nós contra eles”, do “povo contra as elites”… Vem Marina e os carimba a todos como políticos tradicionais.

Continua após a publicidade

Depois de 12 anos de poder, o partido de Lula viu-se tentado a aderir à estética obreirista, do “construí e aconteci”, que só tem passado, não futuro, da qual Marina passou a fazer pouco caso, com sucesso até agora. Disse Rui Falcão, no entanto: “Nós vamos continuar mostrando o que fizemos e apontando as propostas de continuidade das mudanças. Toda vez que houver oportunidade de expor tudo o que nós fizemos e tudo o que vamos fazer, isso é favorável para nós”.

Então tá. Destaco que essa política e essa estética são desdobramentos daquela velha demonização do seu adversário preferencial: afinal, “nós fizemos mais do que eles”. Marina chega e diz: “Isso tudo é propaganda; não é o país de verdade”. E os petistas, até agora, estão sem resposta.

Por quê? Porque é difícil renunciar subitamente a um grande ódio. Se o que Falcão disse a jornalistas reproduzir a qualidade daquela hora e meia de debate, Dilma pode começar a fazer as malas para mudar de endereço.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.