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Para evitar a ópera bufa — Que tal quebrar os sigilos bancário, fiscal e telefônicos dos Leporellos? Ou: Que brasileiro com a renda de Agnelo mora numa mansão de R$ 4 milhões?

A CPI, já escrevi, caminha para o naufrágio e para a farsa — embora nem todos lá sejam farsantes. Mas a maioria dá o tom. E ponto final. Há muitos outros assuntos importantes no país. Mesmo assim, volto à dita-cuja para destacar algo que me parece relevante. Depois da CPI do PC Farias, é muito […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 08h38 - Publicado em 13 jun 2012, 20h21

A CPI, já escrevi, caminha para o naufrágio e para a farsa — embora nem todos lá sejam farsantes. Mas a maioria dá o tom. E ponto final. Há muitos outros assuntos importantes no país. Mesmo assim, volto à dita-cuja para destacar algo que me parece relevante. Depois da CPI do PC Farias, é muito difícil um malandro ser pego na quebra de sigilo bancário, fiscal e até telefônico. Este então… A, se me permitem o neologismo, falastronice de Cachoeira e amigos nos telefonemas é mais evidência de certo amadorismo do que outra coisa. “Bandido federal”, parafraseando Drummond, não é pego nesse tipo de conversa ou em quebra de sigilo. De resto, se vocês notarem bem, os papos de Cachoeira, Demóstenes e a turma toda mandam a ética para o ralo, sim, mas revelação de crimes, propriamente, não há — no máximo, podem-se fazer ilações a partir de fragmentos de conversa. Sabem por quê? Porque as próprias personagens sabiam que estavam sendo grampeadas. Com alguma frequência, tentam falar por códigos.

Assim, mesmo com a eventual quebra dos sigilos, a chance de que algo de significativo apareça é, acho eu, remota. Políticos fazem milagres no Brasil. Vejam o caso de impoluto Agnelo, que hoje foi mais elogiado pelos petistas do que os portugueses por Camões em Os Lusíadas. Que brasileiro, com a renda que ele tinha — e é político faz tempo —, mora numa mansão avaliada em R$ 4 milhões? Como é que as mansões se multiplicam na mão dessa categoria com tanta facilidade? Com tanta gente para comprar a casa de Perillo, tinha de ser justamente alguém ligado a Cachoeira a fazê-lo? Com tanta gente vendendo casa, Agnelo tinha de comprar justamente a de um empresário que dependia de uma assinatura sua para fazer negócios com a Anvisa? Mais: esse mesmo empresário mantém negócios em parceria com… familiares do governador!

Em seu depoimento, o governador do Distrito Federal disse confiar integralmente em Cláudio Monteiro, assessor que foi demitido nos primeiros dias da crise. Gravações sugerem que ele teria recebido uma espécie de pensão da quadrilha. Muito bem! Se Agnelo tem tanta segurança de que a quebra de seus sigilos nada revelará, ficaria tão à vontade se também fossem abertos os de membros de sua família e do tal Monteiro? Este senhor, sabem os que acompanham a carreira de Agnelo há bastante tempo, está para o atual governador do Distrito Federal mais ou menos como Leporello estava para Dom Giovanni. Na nossa ópera bufa, os sigilos dos Leporellos são muito mais importantes do que os de seus senhores.

Assim, fica aqui a minha dica de boa-fé para que a CPI não morra por inanição, embora saiba ser um esforço inútil: que tal quebrar os sigilos fiscal, bancário e telefônico dos Leporellos e familiares?

Para encerrar, um constraste até jocoso: é mais difícil, do ponto de vita da lógica, alguém como Perillo vender uma casa por R$ 1,4 milhão (que fosse por R$ 2,2 milhões, como acusam alguns), ou alguém como Agnelo comprar uma avaliada hoje em R$ 4 milhões? Onde há maior concentração de milagre?

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