Os supostos “intelectuais & artistas” em defesa da ditadura. Ou: “O Manifesto dos 100 Mil”
Um bando de petistas disfarçados de intelectuais e artistas — é a fantasia predileta dos obscurantistas — decidiu assinar um “manifesto” em defesa da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. Até aí, nada de estranho. Eles adoram essas coisas. A rigor, desde que a democracia e a liberdade de imprensa estejam “do lado […]
Um bando de petistas disfarçados de intelectuais e artistas — é a fantasia predileta dos obscurantistas — decidiu assinar um “manifesto” em defesa da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. Até aí, nada de estranho. Eles adoram essas coisas. A rigor, desde que a democracia e a liberdade de imprensa estejam “do lado de lá”, eles assinam manifesto em favor de qualquer coisa: dengue, catapora, paralisia infantil…
O texto é uma tentativa de resposta ao Manifesto em Defesa da Democracia, que já atingiu a marca de 83.950 signatários, caminhando célere para as 100 mil assinaturas — em breve, poderá ser conhecido como o “Manifesto dos 100 Mil”, uma das maiores mobilizações da sociedade civil de que se tem notícia na história recente do país. E SEM O APOIO DA IMPRENSA, É BOM DEIXAR CLARO!
Os brucutus não disfarçam a intenção. A primeira frase do manifesto do bem, O DOS 100 MIL, é esta: “Numa democracia, nenhum dos Poderes é soberano. Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.” Os supostos “intelectuais e artistas” decidiram emular e escreveram: “Em uma democracia nenhum poder é soberano. Soberano é o povo.” A diferença parece pequena, mas é gigantesca. A primeira formulação exclui a tirania dita popular; a segunda só se realiza com ela, entenderam? “Soberano”, à moda dessa gente, era o “povo” na Alemanha hitleriana, na URSS stalinista ou na Cuba castrista.
Para não variar, um dos “inimigos” dos auto-intitulados “intelectuais & artistas” é a imprensa. Lê-se lá:
“É profundamente anti-democrático – totalitário mesmo – caracterizar qualquer crítica à imprensa como uma ameaça à liberdade de imprensa. Os meios de comunicação exerceram, nestes últimos oito anos, sua atividade sem nenhuma restrição por parte do Governo. Mesmo quando acusaram sem provas. Ou quando enxovalharam homens e mulheres sem oferecer-lhes direito de resposta. Ou, ainda, quando invadiram a privacidade e a família do próprio Presidente da República.”
Em primeiro lugar, o assédio à liberdade de imprensa foi uma constante no governo Lula; não terem conseguido intento não quer dizer que não tenham tentando. Em segundo lugar, a liberdade, que resiste, não é uma dádiva, mas uma garantia constitucional. Em terceiro, as “acusações” sem provas, de que reclamam, certamente se referem a “invenções” como mensalão e caso Erenice Guerra; em quarto, ninguém violou a intimidade da família do presidente: a referência remete à empresa de Fábio Luiz da Silva, o Lulinha, ex-monitor de jardim zoológico, convertido em empresário de sucesso com a ajuda da então Telemar, hoje Oi, empresa que é concessionária de serviço público e da qual o BNDES, um banco público, é, na prática, sócio. Não se trata de intimidade familiar, mas de escândalo público.
Os “intelectuais & artistas” acreditam que essas são evidências das falhas da imprensa, que, então, lastimam. Eu, se fosse a imprensa, far-lhes-ia a todos a vontade: que os signatários desse documento, que vêem uma imprensa tão abominável, deixem de freqüentar… a imprensa. Pronto! Jornais, revistas, rádios e páginas eletrônicas do que chamam “mídia” não são mesmo dignos de abrigar a notável contribuição desses gênios. Tenham paciência!
Alguns dos signatários, como diria certa personagem do filme Casablanca, são os “suspeitos de sempre”, famosos por freqüentar “manifestos”; outros são ainda meros candidatos a celebridades no mundo do protesto. Ente os primeiros da lista, temos:
– Leonardo Boff – é famoso por ter escrito um livro em parceria com Frei Betto em que funde teologia e zoologia. Alguém dirá: “São Francisco também fez isso”. Não exatamente. No livro desses dois gigantes, os filósofos são os animais…
– Maria da Conceição Tavares – famosa por ter emprestado a Aloizio Mercadante os prolegômenos que o levaram a convencer o PT de que o Plano Real daria com os burros n’água. No Plano Cruzado, que ela ajudou a formular e que naufragou, esta senhora urrava e chorava de felicidade. No Real, que salvou o Brasil, ela urrava e chorava de raiva. Uma amiga do povo, enfim…
– Oscar Niemeyer – Nada a dizer. Proponho que Niemeyer crie um monumento em homenagem a… Niemeyer e ao “comunismo de resultados”.
– Marilena Chaui – Pfuiii… Esta que Bruno Tolentino chamava “Marxilena” e a quem dedicou um soneto fescenino é famosa por pelo menos dois livros: “O que é ideologia”, escrito em parceria com Karl Marx, e “Cultura e Democracia”, escrito em parceria com Claude Lefort. O problema é que os co-autores não tiveram seus nomes devidamente creditados, se é que me entendem…
– José Luis Fiori – é outro que se tornou notável por antever um grande desastre no Brasil por causa do Plano Real, cujos autores ele classificava, apropriando-se indevidamente de um texto literário, de “moedeiros falsos”. Passou os oito anos do governo FHC fazendo previsões catastrofistas, que não se confirmaram. O manifesto que assina agora exalta as virtudes da economia, decorrentes do Plano Real, cujo desastre ele anteviu… Em comum com os outros, tem o grande talento de não ficar vermelho… por fora.
Emir Sader – bem, é o lado mais circense do manifesto. É aquele rapaz que não sabe a diferença entre os verbos “posar” e “pousar”. É uma bobagenzinha, claro! O problema é que essa é só uma das coisas que ele não sabe. Sader é tão criativo que costuma se expressar numa língua que ele inventou, inspirada no português.
Não vou me estender na lista. Noventa por cento dos signatários são conhecidos apenas pelo Google ou pela lista dos beneficiários de prebendas e mamatas oficiais.
Eles querem é ditadura!