ONU aprova a resolução sobre espionagem. Sabem a importância disso? Nenhuma!
Então, leitor amigo… Há coisas que são assim: a gente lê, suspira fundo, tem uma enorme preguiça e depois se resigna: “Vou ter de escrever a respeito”. Não que alguém obrigue. A pauta é ampla e livre. Mas é preciso escrever nem que seja para recomendar: “Esqueçam esse assunto; não tem a menor importância”. Assim é […]
Então, leitor amigo… Há coisas que são assim: a gente lê, suspira fundo, tem uma enorme preguiça e depois se resigna: “Vou ter de escrever a respeito”. Não que alguém obrigue. A pauta é ampla e livre. Mas é preciso escrever nem que seja para recomendar: “Esqueçam esse assunto; não tem a menor importância”. Assim é com a resolução aprovada pela ONU contra a espionagem digital, proposta por Brasil e Alemanha. Contou com o apoio de quase 200 países, traz uma penca de sugestões, nenhuma de cumprimento obrigatório.
O texto traz, por exemplo, a seguinte doçura: ninguém pode “ser submetido a ingerências arbitrárias ou ilegais em sua vida privada, em sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência”. Ok. Eu não esperava que a ONU dissesse algo diferente — ou que fizesse, por exemplo, a defesa de “ingerências arbitrárias e ilegais”.
Há uma maluquice na raiz disso tudo que é a seguinte: estamos falando de “espionagem”, que se faz mesmo, a gente tem de reconhecer, de maneira, digamos “extralegal”. Não existe um decoro internacional nessa área. E isso explica, aliás, o fato de a resolução ser apenas uma recomendação. Vá perguntar ao governo chinês se eles fazem espionagem. A resposta oficial, obviamente, é “não”. Vamos mudar de assunto?