Mais um procedimento do neojornalismo que ajuda a devastar a verdade
Antigamente, quando havia um COMPROMISSO COM A VERDADE, não com o OUTRO-LADISMO, jornalistas acompanhavam eventuais confrontos entre manifestantes e polícia e contavam o que viam. Claro, queridos! Sempre há distorções. Um relato nunca é o fato. A depender dos valores, do viés ideológico e das crenças do observador, determinados aspectos ganham ou não relevância. Mas […]
Antigamente, quando havia um COMPROMISSO COM A VERDADE, não com o OUTRO-LADISMO, jornalistas acompanhavam eventuais confrontos entre manifestantes e polícia e contavam o que viam. Claro, queridos! Sempre há distorções. Um relato nunca é o fato. A depender dos valores, do viés ideológico e das crenças do observador, determinados aspectos ganham ou não relevância. Mas o evento constatado é, ao menos, um compromisso mínimo com a objetividade.
Hoje em dia, a coisa é diferente. Jornalistas se transformaram em “porta-vozes dos que sofrem” — porque, afinal, eles estão ocupados em criar um mundo melhor, entendem? Mas também não é de qualquer sofredor, não — já chego lá. Vejam o caso do Pinheirinho. “Fulana de tal diz que a polícia chegou e a obrigou a sair de casa, sem tempo pra nada”. Ou ainda: “A polícia chegou gritando etc.” Os mais equilibrados ouvem ao menos o comando da PM, que garante que vai apurar o caso. Os mais “comprometidos com o Bem” não fazem nem isso. Afinal, se é invasor de terreno que está falando, então deve ser verdade; se a polícia está sendo criticada, então deve ser assim mesmo.
Há pouco, li no Estadão uma reportagem sobre o fechamento de bares na cracolândia. A dona de um deles acusa os fiscais de terem inventado a existência de uma barata em sua geladeira só para fechar o estabelecimento. E fica por isso mesmo. Ora, como, na grande narrativa inventada por setores da imprensa paulistana, trata-se da luta do Bem contra o Mal (e o “Mal” são o governo do Estado e a Prefeitura), então a acusação da dona do tal bar pode ser publicada na boa. No máximo — nesse caso, não se fez nem isso —, ouve-se algum representante da Prefeitura. E o que o coitado tem a dizer? “Vamos apurar…”
Esse tipo de procedimento não é mais jornalismo. Isso é militância política. Quando criança, escrevi panfletos políticos e participei de jornalecos alternativos. Era trabalho ideológico, sim. E asseguro: não se recorria a esse procedimento. A razão é simples: não há grande diferença entre isso e a mentira.
PS – Afirmei que nem sempre se dá voz aos “oprimidos” contra o Poder Público, não é? Isso só acontece se esse “poder” for “reacionário”, “de oposição”. Se for “progressista”, petista, esquerdista, o assunto some logo do noticiário. CADÊ O ESTUDANTE QUE FICOU CEGO DE UM OLHO no confronto com a Polícia Militar do Piauí, governado pelo PSB e pelo PT? Desapareceu!