DEM não aceita composição nenhuma com o PSD, diz Agripino. Ou: 2014 ainda é um lugar muito longe e incerto
Critiquei ontem aqui a disposição do DEM de se recusar a apoiar uma chapa encabeçada pelo PSD na eleição do ano que vem. Na versão em que a notícia circulou, o Democratas aceitaria, no entanto, ter um representante do novo partido como vice. O senador José Agripino Maia (RN), presidente da legenda, me informa que […]
Critiquei ontem aqui a disposição do DEM de se recusar a apoiar uma chapa encabeçada pelo PSD na eleição do ano que vem. Na versão em que a notícia circulou, o Democratas aceitaria, no entanto, ter um representante do novo partido como vice. O senador José Agripino Maia (RN), presidente da legenda, me informa que a notícia não é exata. Segundo Agripino, o DEM não deve apoiar nomes do PSD em qualquer posição numa chapa ou aceitar composição com a nova legenda. No máximo, pode fazer parte de uma coligação que inclua o PSD, mas só se esse partido não for o protagonista.
Pergunto ao senador se a decisão não é equivocada, uma vez que pode criar algumas dificuldades adicionais a um DEM já bastante castigado pela criação do novo partido. Faz sentido ser a única legenda a recusar, em princípio, uma composição com o PSD? Por que arcar sozinho com tal restrição? Ele está convicto de que é o caminho correto: “Os partidos todos têm uma história, que precisa ser respeitada; a do PSD, ninguém sabe qual é. Esse processo criou dificuldades em muitos lugares em razão dos métodos que foram empregados. O DEM vai preservar a sua coerência e deixar claro ao seu eleitorado que segue sendo outra coisa, apegado a seus princípios”.
Em alguns estados, o DEM está sendo literalmente reconstruído, e o senador se disse animado com a resposta que tem encontrado. Pergunto ainda se o DEM pretende continuar como uma espécie de agregado do PSDB, como um parceiro que pode ser tratado até com certo desdém porque se tem como certa a sua fidelidade.
O presidente do Democratas afirmou que está conversando “com todo mundo” – não com o PSD, claro! “Não existe esse negócio de aliança automática com ninguém, em disputa nenhuma! Nem com o PSDB. É muito cedo para tratar de 2014. Fazemos política com lealdade, mas sem submissão. O quadro ainda é bastante indefinido. A conversa com outras legendas tem fluído muito bem, melhor do que se imagina.”
Depois do bate-papo com Agripino, uma impressão que eu tinha saiu reforçada: estamos mais longe de 2014 do que estes três anos e pouco que há pela frente. Por enquanto, como diria Camões, a firmeza só está na inconstância.